A Janela Secreta (Secret Window, EUA, 2004)
Diretor: David Koepp
Elenco: Johnny Depp (Mort Rainey), John Turturro (John Shooter), Maria Bello (Amy Rainey), Timothy Hutton (Ted Milner), Charles S Dutton (Ken Harsch), Len Cariou (Xerife Dave Newsome), Joan Heney (Mrs. Garvey), Vlasta Vrana (Chefe dos Bombeiros), Elizabeth Marleau (Juliet Stoker), John Dunn Hill (Tom Greenleaf), Gillian Ferrabee (Fran Evans).
Diretor: David Koepp
Elenco: Johnny Depp (Mort Rainey), John Turturro (John Shooter), Maria Bello (Amy Rainey), Timothy Hutton (Ted Milner), Charles S Dutton (Ken Harsch), Len Cariou (Xerife Dave Newsome), Joan Heney (Mrs. Garvey), Vlasta Vrana (Chefe dos Bombeiros), Elizabeth Marleau (Juliet Stoker), John Dunn Hill (Tom Greenleaf), Gillian Ferrabee (Fran Evans).
SINOPSE: Um famoso escritor de suspense, Mort Rainey (Depp) é confrontado por um estranho e misterioso homem na porta de sua casa, que o acusa de plágio. Se autodenominando Shooter (Turturro), o homem parece cada vez mais ameaçador ao exigir de Mort que este conserte o final de sua história roubada.
"A parte mais importante da história é o final"
David Koepp é um
roteirista que me agrada bastante, justamente por trabalhar com
frequência dentro do gênero thriller.
Responsável pelos roteiros de, entre outros, Jurassic Park
(1993) e sua sequência
O Mundo Perdido
(1997), Guerra dos Mundos (2005),
Homem-Aranha (2002) e O
Quarto do Pânico (2001), Koepp
também se aventura às vezes na direção, sempre dirigindo roteiros
de sua própria autoria. Foi assim com o ótimo Ecos do
Além (1999) e o curioso Efeito
Dominó (1996). Em
A Janela Secreta, o
diretor-roteirista adapta o material de Stephen King (o conto Janela
Secreta, Jardim Secreto,
presente na coletânea Depois da Meia-noite)
e executa um bom trabalho, embora seus sérios defeitos no terceiro
ato quase comprometam a coisa toda.
A
trama envolve o escritor Mort Rainey (Johnny Depp) que vive recluso
em uma cabana distante da cidade grande, após ter descoberto que sua
esposa Amy (Maria Bello) o traiu com Ted (Timothy Hutton). Suas
companhias envolvem basicamente apenas o simpático cachorro cego
Chico e eventualmente a senhora Garvey (Joan Heney) que vem para
limpar sua casa ocasionalmente. Um dia Rainey acorda com furiosas
batidas em sua porta, que provam se tratar de John Shooter (John
Turturro) um escritor que acusa Mort de ter plagiado sua história,
“Sowing Season” e ter arruinado seu final. Exigindo que Mort mude
o final da história e republique dando os devidos créditos a
Shooter, o homem se mostra cada vez mais ameaçador conforme o filme
avança, envolvendo Mort e as pessoas a sua volta num clima de paranoia e medo.
Koepp constrói
aqui um produto de acertos e defeitos. O diretor acerta, por exemplo,
ao encher o filme de metáforas e pistas visuais, como aquela que
mostra uma rachadura tomando completamente o chalé de Rainey após
um momento que representa a fissura mental de um personagem, bem como
a elegante decisão de iniciar o filme nos apresentando o
protagonista através de um espelho e, da mesma forma, filmar uma
tomada saindo do espelho ao nos mostrar uma revelação próxima ao desfecho do filme.
Outro ponto forte
da trama são as atuações, todas corretas. Johnny Depp
está perfeito e parece se divertir à beça em sua construção de
personagem que acaba se tornando a alma do filme. Junto com a
figurinista Odette Gadoury, Depp constrói Mort Rainey como um homem
recém-saído da depressão, desleixado com sua aparência e com sua
saúde, vestindo quase sempre um roupão rasgado e utilizando cores
predominantemente neutras e desbotadas, seu personagem parece estar
sempre mergulhado em seu próprio ambiente recluso, tanto no sentido
literal representado pela cabana isolada em que vive, como dentro de
sua mente e em sua dificuldade em lidar com outras pessoas,
principalmente com mulheres. Já John Turturro encarna com perfeição
seu caipira do sul dos Estados Unidos, com um sotaque carregado, mas
que soa bem natural, já que ele basicamente interpreta uma
caricatura de vilão que funciona muito dentro da narrativa. Maria
Bello e Timothy Hutton encarnam os “adúlteros” de maneira
igualmente interessante, demonstrando culpa ao mesmo tempo em que
buscam retomar suas vidas tentando fazer com que Mort assine os
papéis do divórcio. Contam ainda pontos para o filme os diálogos
crus e humanos que os personagens travam, cheios de ressentimento,
raiva e saudade, sentimentos humanos que criam realismo na trama e
empatia com aquelas pessoas.
Apesar de todas essas qualidades, Koepp erra a mão em escolher uma trilha sonora (de Philip Glass) de acordes pesados e pouco sutis que causam um estranho paradoxo com a leveza que o filme adota na maior parte da trama, que utiliza vários momentos para criar humor, vindo principalmente do personagem de Depp, o que leva, claro, que o público simpatize com ele.
Ainda, por ser um filme de suspense, o mistério principal fica
devendo, sendo ele frouxo e que poderia indicar que se trata de um
filme barato. No entanto, para o espectador menos atento e mesmo para
aquele que matou a “charada” no meio do filme, “A Janela
Secreta” se constitui como um eficiente exercício de gênero
de Koepp, pelo menos na maior parte da projeção.
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