Camisa de Força (The Jacket, EUA/Alemanha, 2005)
Diretor: John Maybury
Elenco: Adrien
Brody, Keira Knightley, Kris Kristofferson, Jennifer Jason Leigh,
Kelly Lynch, Brad Renfro, Daniel Craig, Steven Mackintosh, Brendan
Coyle, Mackenzie Philips, Laura Marano, Jason Lewis, Richard Dillane,
Anthony Edridge, Angelo Andreou, Jimmy Fleischer.
SINOPSE: Jack
Starks (Adrien Brody) é um veterano da Guerra do Golfo que retorna à
sua cidade natal, após se recuperar de ter recebido um tiro na cabeça.
Jack sofre atualmente de amnésia, sendo que após ser acusado de ter
assassinado um policial é recolhido a um hospital psiquiátrico. Lá o dr.
Thomas Becker (Kris Kristofferson) faz com que Jack tenha drogas
experimentais injetadas em seu corpo, como parte de testes para um novo
tipo de tratamento. Imobilizado em uma camisa de força, Jack
constantemente é trancado por um longo tempo em uma gaveta de cadáveres,
no necrotério da clínica em que está. Completamente drogado, a mente de
Jack consegue se projetar para o futuro, no qual conhece Jackie Price
(Keira Knightley) e descobre que ele próprio irá morrer daqui a 4 dias.
Sou um fã
ardoroso de trabalhos que envolvem a temática de viagens no tempo,
também admiro bastante o trabalho de Adrien Brody e Keira Knightley
e de narrativas não convencionais. Mas me decepcionei com esse
Camisa de Força, coprodução entre Estados Unidos e Alemanha
de 2005, que justamente conta com um elenco estelar, uma direção
estilosa e uma temática ambiciosa, que, no entanto, não consegue
colocar todas essas peças em harmonia, resultando num trabalho que
infelizmente soa frio e raso demais para sua proposta inicial.
O roteiro de Massy
Tadjedin é centrado na experiência pós-traumática do combatente
na guerra do Golfo Jack Starks (Brody) que, ferido mortalmente na
cabeça, parece voltar à vida milagrosamente e volta a sua cidade
natal com lapsos de memória. Após vagar a esmo pelas paisagens
nevadas da Virginia e pegar carona com um estranho (Renfro), o
veículo é parado por um policial que acaba assassinado, com as
suspeitas recaindo todas sobre Starks. Considerado mentalmente
incapaz de responder criminalmente pelo crime, Starks é levado a um
hospital psiquiátrico onde acaba caindo nas mãos de um misterioso
psiquiatra (Kristofferson) que usa o protagonista numa terapia
experimental que o leva a experimentar estranhos transes durante os
quais Starks acaba viajando para o futuro e prevendo sua morte em
quatro dias, além de conhecer Jackie (Knightley) que poderá
ajudá-lo. Daí começa a clássica corrida contra o tempo para
descobrir como ele morrerá e quais as consequências no futuro de se
alterar o presente.
Dirigido com
estilo pelo britânico Maybury (um nome pouco frequente no cinema), o
longa investe num virtuoso trabalho de câmera e luz que emite
significados por si só. Repare, por exemplo, como o presente frio,
depressivo e problemático de Starks é ressaltado por uma grande
dessaturação na fotografia enquanto ocorre um contraponto com as
cores supersaturadas quando o protagonista viaja para o futuro.
Infelizmente, todo esse trabalho esconde um roteiro pouco inspirado,
fragilimo em alguns momentos. Alguns diálogos são tão expositivos
que beiram o constrangedor, como no primeiro diálogo entre Jack e
Jackie ou no momento em que a equipe do Dr. Becker se questiona se
Starks está mesmo morto, e após este piscar os olhos, Dr. Becker
tem a brilhante conclusão de que o rapaz realmente não morreu
(ooh!). No entanto, nada é pior do que a forçada inclusão no
roteiro de um romance caidaço entre os personagens de Brody e
Knightley, que não passam nenhuma química que justifique, por
exemplo, a frouxa cena de sexo que ocorre no segundo ato.
Apesar de terminar
de maneira satisfatória e respeitando sua lógica interna, Camisa de
Força é uma obra que apesar das boas intenções, é pouco profundo em
sua própria ambição narrativa.
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