Diretor: Joel Anderson
Elenco: Rosie Traynor (June Palmer), David Pledger (Russell Palmer), Martin Sharpe (Mathew Palmer), Talia Zucker (Alice Palmer), Tania Lentini (Georgie Ritter), Cameron Strachan (Leith Ritter), Judith Roberts (Iris Long), Robin Cumming (Garret Long), Marcus Costello (Jason Whittle), Chloe Armostrong (Kim Whittle), Carole Patullo (Sargento Drouin), John Dunn (Diretor do Funeral), Laurie Dunn (Diretor no Funeral), Kirsty McDonald (Genevieve Trudeau), James Lawson (Frederick Rosskamp).
SINOPSE: Alice Palmer morre acidentalmente numa represa local. Depois de o corpo ser
reconhecido, os pais e o irmão começam a presenciar manifestações
sobrenaturais em casa ou nas suas imediações. Começam a surgir várias
fotografias e vídeos onde pode-se ver a silhueta da jovem. É iniciada
então toda uma investigação paranormal que não só vai abalar a
comunidade como vai desvendar o verdadeiro segredo por trás da morte de
Alice.
Não sou fã de
filmes found footage,
produções que baseiam suas tramas em supostas filmagens
encontradas, algo geralmente utilizado em produções de baixo
orçamento (por exemplo, no ótimo A Bruxa de Blair
e em Atividade Paranormal)
e que procuram, em geral, evocar realismo através do recurso. Outra
estratégia bastante utilizada por cineastas independentes, sobre a
qual também tenho ressalvas, é o mockumentary,
filmes que emulam documentários reais através de narrativas
ficcionalizadas, onde atores profissionais interpretam fatos
supostamente reais. Mas gostei muito
de Lake Mungo, filme
australiano não lançado no Brasil, nem comercialmente nos EUA, que
mistura um pouco dos dois “subgêneros”. O Longa se apresenta
como um documentário falso utilizando imagens encontradas de várias
fontes (filmagens de celular, fotos, vídeos caseiros) e se sai
extraordinariamente bem como um híbrido de horror sobrenatural e
drama familiar.
"Se você nunca viu um fantasma...Olhe mais de perto"
Escrito e dirigido com por Joel Anderson, o longa acompanha os
registros e depoimentos de uma família feitos para um documentário
de TV. A família Palmer foi abalada com a morte da filha Alice, de
16 anos, encontrada afogada em uma represa na cidade de Ararat,
Austrália quando a família passeava pelo local. Seus pais, Russell
e June, e seu irmão Matt, abalados pela tragédia, não conseguem
prosseguir com suas vidas uma vez que estranhos eventos sugerem que
Alice ainda está presente na casa onde a família mora.
Joel
Anderson utiliza com inteligência vários artifícios que nas mãos
erradas poderiam gerar um terror barato e genérico. O principal
deles é a aparição de Alice nas fotos e filmagens que seu irmão
Matt faz, meses após sua morte. Anderson imediatamente usa o
ceticismo que alguém imediatamente alegaria como argumento, para
desacreditar tais aparições, e o que se segue no filme a partir de
tal desmascaramento é uma sucessão de twists
coerentes e perturbadores, que não pretendo revelar aqui. Revelações
sobre segredos que Alice guardava, a culpa inequívoca que em geral
sentimos após a morte de alguém que amamos, e uma apavorante
subtrama envolvendo premonições e a aparição de um doppelganger
(que gera a cena efetivamente mais sinistra do filme) fazem com que
Lake Mungo consiga
fugir do lugar-comum e constrói um longa que combina de forma
orgânica o sentimento de luto de uma família com um horror
misterioso que realmente incomoda o espectador. O diretor-roteirista
intercala sabiamente os depoimentos de amigos e familiares de Alice
(boas atuações no geral) com planos contemplativos e uma trilha
dramática suave que marcam o sentimento de pesar que percorre todo o
filme. O resultado é uma alegoria sinistra que consegue agradar os
fãs de horror ao mesmo tempo em que não foge de sua própria lógica
interna de documentário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Críticas e elogios ;) são bem vindos. Fique à vontade para comentar