O Passageiro do Futuro (The Lawnmower Man, EUA, 1992)
Diretor: Brett Leonard
Elenco: Jeff Fahey, Pierce Brosnan, Jenny Wright, Mark Bringelson, Geoffrey Lewis, Jeremy Slate, Dean Norris, Colleen Coffey, Jim Landis, Troy Evans, Rosalee Mayeux, Joe Hart, Michael Gregory, John Laughlin.
SINOPSE: Cientista utiliza deficiente mental como cobaia em experiência sobre os
usos da realidade virtual. Ligando o cérebro do rapaz a um computador,
ele aumenta tremendamente sua capacidade de raciocínio. O que ele não
sabe é que a experiência pode ter resultados catastróficos.
"Na
virada do milênio uma tecnologia conhecida como realidade virtual
existirá. Ela permitirá o contato com mundos artificiais tão
ilimitados quanto a imaginação em si. Seus criadores anteveem
milhões de aplicações positivas – enquanto outros a temem como
uma nova forma de controle da mente"
Os fãs do
escritor Stephen King (como eu) são geralmente rigorosíssimos em
relação a toda e qualquer obra de cinema ou televisão que seja
adaptada de seu trabalho. Uma das principais queixas é que
frequentemente as adaptações não seguem fielmente o livro ou conto
original, algo que gera polêmica, mas que às vezes se transforma em
mudanças bem-vindas, como a alteração no desfecho da adaptação
de O Nevoeiro (2007).
Entretanto, pior do que simplesmente alterar um ou outro aspecto da
obra original é quando a adaptação se transforma em picaretagem,
como é o caso de O Passageiro do Futuro,
produção da New Line que ficou conhecida principalmente por
envolver um processo judicial de King que exigiu que seu nome fosse
retirado dos créditos do filme, uma vez que somente o título
original lembra o conto que eventualmente serviria de base ao filme,
O Homem do Cortador de Grama,
publicado em sua melhor antologia, Sombras da Noite
(1978).
Enquanto
o curtíssimo conto era basicamente uma sinistra história sobre um
maníaco cortador de grama que podia ou não fazer parte de uma
obscura sociedade secreta, onde King usava de maneira esperta toques
de humor negro e uma conclusão elegantemente aterradora, o longa é
algo completamente diferente, contando com apenas uma sequência que
lembra a obra de S.K. (envolvendo a perseguição de um cortador de
grama que se move sozinho). De resto, a enredo se assemelha mais a
uma ficção científica com ares distópicos do que propriamente um
terror como se esperaria. O resultado, se desconsiderarmos o nome de
King originalmente atrelado, rende até um programa assistível,
principalmente se enxergarmos o visionário conceito por trás do
roteiro de Brett Leonard e Gimel Everett.
Contando
com uma engenhoca que se assemelha muito ao moderno Oculus
Rift,
e fazendo de certo modo analogias inteligentes com o que a internet
se tornou hoje (lidando com os conceitos de redes, telefonia,
alienação), o filme acompanha o obstinado cientista computacional
Lawrence Angelo (Brosnan) que busca em suas pesquisas desenvolver a
realidade virtual como maneira de explorar a mente humana,
potencializando-a, enquanto o laboratório para o qual trabalha vê
no projeto de desenvolvimento cerebral uma nova possibilidade bélica.
Após perder seu macaco de testes devido a efeitos colaterais dos
experimentos que levaram o símio a um ataque psicótico, Dr. Angelo
decide fazer seus testes no simplório jardineiro Jobe (Fahey, o J.T.
de Planeta
Terror),
que em pouco tempo eleva seu aprendizado ao máximo, tornando-se um
gênio com capacidades nunca antes vistas num ser humano, desafiando
até mesmo seu "criador"
e ficando fora de controle. Enquanto tem que lidar com um
"Super-Jobe", o cientista ainda tem a corporação para o
qual trabalha em seu encalço.
Tendo
por base um roteiro excessivamente formulaico, envolvendo em resumo
uma corporação gananciosa, um experimento científico fora de
controle e um cientista de boas intenções, o longa se destaca
principalmente devido aos efeitos especiais que evocam Tron, que hoje parecem
datados e até risíveis, mas que são bastante divertidos, e bem
utilizados. Outro destaque que chama a atenção é a atuação de
Jeff Fahey, que consegue roubar a cena com seu personagem (o único
tridimensional do filme) que exige muitas nuances ao longo da trama e
convence bem. Já o ex-007 se vira bem no seu papel caricato, não
comprometendo.
Ao explorar de maneira apenas superficial
conceitos ambiciosos, o filme se torna apenas um
bacaninha, ainda que datado, entretenimento de ficção científica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Críticas e elogios ;) são bem vindos. Fique à vontade para comentar