I-Lived (EUA, 2015)
Diretor: Franck Khalfoun
Elenco: Jeremiah Watkins (Josh Fosse), Franck Khalfoun (Detetive McQuee), Brian Breiter (O Homem), Jan Broberg (Mãe de Josh), Nick D'Avirro (Pai de Josh), Shannon Collis (Garota Bêbada), Josh Cowdery (Executivo), Luis Fernandes-Gil (Roberto Luis), Chris Mena (Bobby Yen), Koral Michaels (Garota do sequestro), Elaine Partnow (Sra. Lee), Thomas Payton (Zach), Sarah Power (Greta).
SINOPSE: Josh Fosse é um cara nos seus 20 e poucos anos de idade cuja vida não
tem mais rumo. Sua namorada o deixou, o aluguel está atrasado e ele não
tem um emprego de verdade. Ele ganha a vida como um crítico online de
aplicativos para smartphones. Ele decide testar um app chamado "I-Lived"
por diversão, um aplicativo de autoajuda. Após fazer seu logon, sua
vida muda completamente. Ele conhece a garota de seus sonhos e recebe
uma oferta de emprego irrecusável. Convencido de que é ele, e não o app o
responsável pela melhora em sua vida, ele desiste do programa e perde
tudo que havia conquistado. Tentando assinar o programa novamente, os
termos são diferentes. Agora o app exige que ele faça coisas que estão
fora de sua zona de conforto moral... mas que são essenciais para que
ele atinja o sucesso que o app promete.
_______________________________________________________________________________________________
Atualmente
a tecnologia e o uso dos modernos meios de comunicação tornou a vida
das pessoas mais fácil, ao mesmo tempo em que a comunicação permitida
através dos aplicativos às vezes toma o lugar de um carinho real, de um
afeto real e torna fluida e rasa qualquer relação que se estabeleça
através da internet e/ou dos smartphones. Algumas vezes as
pessoas conseguem ficar mais tempo conectadas do que efetivamente
vivendo suas vidas, como se a tecnologia controlasse suas mentes e suas
ações. Não, isso não foi o começo de um texto sobre como a tecnologia
atual influencia nossa vida social e mental, mas sim o tema do mais novo
trabalho de Franck Khalfoun (do ótimo Maníaco) chamado I-Lived que utiliza a premissa de um aplicativo "do mal"
que pode fazer milagres na vida do assinante, desde que o mesmo esteja
disposto a executar missões que o aplicativo indica. Na trama
acompanhamos Josh (Watkins), um jovem adulto que mora sozinho e sonha
ser um grande magnata no ramo da tecnologia, enquanto tenta ganhar a vida com
seu vlog, onde faz resenhas de aplicativos para smartphones.
Seu canal não tem lá muitas inscrições, o aluguel da suntuosa casa onde
vive está atrasado e sua vida amorosa é um fiasco, principalmente
depois que seu relacionamento anterior terminou por causa de uma traição
da moça. Resumindo bem, a vida de Josh vai de mal a pior e as coisas só
começam a mudar quando ele conhece o app I-Lived
que basicamente solicita que o assinante tire a bunda do sofá e vá
atrás daquilo que deseja, quase como um livro de autoajuda, ironicamente
o aplicativo original apenas diz aquilo que as pessoas fariam
normalmente caso desligassem um pouco seus aparelhos. Para cada desejo
inserido no app o usuário deve executar uma missão. Por exemplo,
em dado momento da trama Josh recebe várias missões para que possa
conquistar e namorar Greta (Power), o interesse sexual/romântico do
rapaz, entre elas fazer gentilezas para desconhecidos e aprender a
dançar e a cozinhar. Até aí tudo bem, mas depois que Josh atinge tudo
aquilo que desejara, ele desiste do aplicativo, e ele perde tudo que
havia conquistado. Acreditando que foi o app que transformou sua
vida, ele o assina novamente, mas desta vez as missões envolvem coisas
que fogem de sua zona de conforto e do que seria considerado moralmente
aceitável.
"Você é um escravo. Eu sou um escravo. Somos todos escravos"
Diferentemente do virtuosismo técnico e estético de seu trabalho
anterior, Khalfoun emprega aqui uma estrutura fílmica simples, sem
grandes chamarizes para ilustrar as metáforas que permeiam a trama, que
são de fato interessantes, mas por serem óbvias e utilizadas num roteiro
simples e pouco ousado acabam perdendo sua força. Jeremiah Watkins tem
que segurar o filme nas costas, afinal ele ocupa a tela por mais de 90%
no filme, e até que convence, e nesse ponto o filme é acertado, assim
como no uso de diálogos prosaicos que evocam certo realismo necessário
para que a trama funcione. O roteiro também acerta ao incluir pequenos
detalhes de maneira natural (como a mudança de status do relacionamento
no Facebook e as estatísticas de inscritos em um canal) para ilustrar a
força da tecnologia nos subtextos do filme.
Por
outro lado, a partir da metade da projeção, o filme que já continha um
roteiro frágil se perde de vez. Há um didatismo irritante no final,
tratando de como as pessoas nunca leem o contrato quando baixam um
programa, ou como é extremamente fácil obter dados pessoais de qualquer
pessoa que tenha conta em uma rede social, algo que funcionaria muito
melhor nas entrelinhas, sem a necessidade de esfregar na cara do
espectador informações tão óbvias. O pior, no entanto, é quando o filme
abandona qualquer traço de sutileza e mistério que apresentava em prol
de uma analogia que se faz entre o aplicativo e o próprio Diabo (que
aliás, está em um dos pôsteres do filme e também ao se inverter o nome
do aplicativo). Numa avaliação geral a impressão que fica é que Khalfoun
queria tocar um projeto pessoal mais ambicioso, ainda que com orçamento
menor, mas o resultado final ficou muito aquém do interessante conceito
original.
Trailer:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Críticas e elogios ;) são bem vindos. Fique à vontade para comentar