O Amuleto (Brasil, 2015)
Diretor: Jeferson De
Elenco: Maria Fernanda Cândido, Bruna Linzmeyer, Daniel Filho, Regius Brandão, Michel Melamed.
SINOPSE: No passado, numa pequena praia em Florianópolis, duas jovens acusadas de
praticar feitiçaria foram queimadas vivas na floresta. Nos tempos
atuais, os jovens Diana, Alex, Paulinho e Marcinha vão a uma festa que
acontecerá na mesma floresta, mas se perdem. No dia seguinte, dois são
encontrados mortos e o terceiro segue desaparecido, sendo que Diana é a
única sobrevivente e não se lembra o que aconteceu. Vídeos gravados
encontrados nos celulares das vítimas podem ajudar a polícia a desvendar
o caso - ou complicar ainda mais o mistério.
O gênero
fantástico, como regra, sempre foi raridade no cinema nacional. Esse
cenário vem mudando e atualmente a situação é promissora, tanto
no cinema de bordas e independente, onde já temos nomes bem
estabelecidos como os cineastas Rodrigo Aragão, Dennison Ramalho,
Petter Baiestorf, entre outros, e também no cinema que chega aos
multiplexes, exemplificado em tempos mais recentes nos longas
Isolados e Quando Eu Era Vivo, ambos lançados no ano
passado, e de O Amuleto,
longa do paulista Jeferson De (Bróder) que em certos momentos, lembra outro
terror nacional, Desaparecidos, algo nada bom em termos de
referência.
O longa segue o
tradicional início de apresentar um breve prólogo que se passa num
tempo distante, no qual temos a narração da personagem Elisabete
(Maria Fernanda Cândido) e que mostra um homem (que aparentemente
não sabe falar, já que inexplicavelmente fica gritando a todo
momento) levando duas mulheres para um sacrifício no meio da mata.
No presente, em Florianópolis, o investigador Carvalhão (Regius
Brandão) encontra um carro abandonado e manchado com sangue numa
estrada de terra cercada por mata. Logo ele encontra nas proximidades
Diana (Bruna Linzmeyer) desacordada e que parece ter sido a única
sobrevivente de um grupo de quatro amigos que estavam no carro indo
para uma festa na noite anterior. A partir daí o roteiro se divide
em acompanhar o que aconteceu aos quatro amigos no dia anterior ao
mesmo tempo em que paralelamente mostra a nada eficiente
investigação policial, que ainda conta com o suspeitíssimo
investigador Reginaldo (Michel Melamed) que parece ter um interesse
escuso no caso, em especial em Diana, ela também cheia de mistérios
relacionados ao passado de sua família.
Apesar de
relativamente bem fotografado e iluminado, o filme se arrasta ao
longo de uma duração até curta de 81 minutos, e utiliza a duvidosa
técnica de acompanhar passado e presente de maneira simultânea,
algo que por si só já dilui qualquer tentativa de suspense. No
entanto, o pior defeito de O Amuleto
é mesmo seu roteiro, repleto de incoerências, momentos nonsense
e diálogos constrangedores. Em
determinado momento da trama, por exemplo, um dos personagens passa
mal e decide sair do carro, no entanto, em vez de fazer suas
necessidades ali por perto mesmo, se embrenha na floresta procurando,
talvez, por um banheiro químico, algo que faz com que os outros
personagens acabem em busca dele, não sem antes uma delas ligar para
o celular do rapaz, e ouvindo ruídos estranhos, julgar que ele deve
ter achado o lugar da tal festa a pé (!!!!). Depois de desligar o
telefone, ela solta a pérola: Sei lá, entendi nada, ai,
vou fazer xixi.
Falhas
do roteiro à parte (ou nem tanto), a tentativa de criar uma
complexidade envolvendo o tal mistério do amuleto também é
deficiente. Não há em nenhum momento tensão genuína que
caracterize o filme como um autêntico thriller
e as pistas deixadas ao longo da projeção gritam por atenção, a
tal ponto que quando a revelação da trama finalmente ocorre,
tudo já está tão manjado, mesmo pelo espectador mais desatento,
que dificilmente alguém se surpreenderá. As atuações ainda são canastríssimas, e mesmo as caras mais conhecidas no elenco ficam engessadas em papeis rasos.
Embora
involuntariamente funcione como vitrine para um gênero que tem tudo
para aparecer cada vez mais nos cinemas do Brasil, O
Amuleto é mais uma dessas
tentativas que morrem na praia.
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