domingo, 21 de setembro de 2014

Isolados

Isolados (Brasil, 2014)
Direção: Tomas Portella
Elenco: Bruno Gagliasso (Lauro), Regiane Alves (Renata), José Wilker (Doutor Fausto), Débora Olivieri (Paciente psiquiátrica), Orã Figueiredo (Policial Clóvis), Silvio Guindane (Policial Augusto), Juliana Alves (Luzia).
SINOPSE: O filme conta a historia de Lauro (Bruno Gagliasso), um residente de psiquiatria, e sua namorada Renata (Regiane Alves), artista plástica e ex-paciente da clínica onde ele trabalha. O casal sai de férias para uma casa no alto da região serrana carioca. No caminho Lauro ouve boatos sobre ataques violentos que vêm acontecendo na região. As vítimas são mulheres, que estão sendo barbaramente assassinadas. Lauro prefere esconder o fato de Renata, que é muito sensível e se impressiona facilmente. Sem saber do que está acontecendo, ela se torna mais vulnerável. Na mata ao redor Lauro percebe sinais de que os assassinos estão cada vez mais perto e a solução é manter Renata presa na casa. O isolamento torna a situação insustentável e a luta pela sobrevivência desencadeia uma trama repleta de suspense, onde a realidade e a loucura se misturam.




Hoje tive a oportunidade de ir conferir o thriller nacional Isolados. Anunciado há muito tempo, e funcionando também como uma homenagem póstuma ao falecido ator e diretor José Wilker, o longa acompanha a jornada do casal Lauro (Gagliasso) e Renata (Alves). Ele, um médico psiquiatra, acredita que uma viagem para a região serrana do Rio de Janeiro pode servir como alívio aos problemas psicológicos da namorada. Ela, visivelmente perturbada e apática, parece acomodada com qualquer situação que o namorado controlador forneça. Chegando lá, porém, Lauro é avisado por um dono de bar que ataques brutais na mata da região estão ocorrendo, mas Lauro prefere omitir a informação de Renata, temendo que seu estado emocional piore ainda mais, já que esta é facilmente impressionável.

A trama, embora batida e, alguns dirão, nada atraente, se salva primeiramente porque é um esforço quase pioneiro no cinema nacional, e se aqui e ali o diretor e roteirista Tomas Portella (ao lado da também roteirista Mariana de Vielmond) pesam a mão em situações que já vimos em diversos exemplares americanos e peca ao incluir diálogos pobres (o longa funciona muito melhor quando não há falas); por outro lado a equipe técnica de Isolados trabalha em conjunto para construir um ambiente de crescente claustrofobia e angústia, ressaltando o próprio título da obra e a situação desesperadora na qual os protagonistas passam a se encontrar, com destaque para a fotografia sombria e quase desprovida de cores quentes de Gustavo Hadba (Turistas) e o excepcional trabalho de maquiagem de Martín Trujillo (Tropa de Elite 2), que desempenha papel fundamental na compreensão da mudança que ocorre com os personagens da trama e o seu desfecho. 

Utilizando os clichês do gênero algumas vezes com efeitos artificiais (os sustos falsos baseados no aumento súbito da trilha são os principais e os que mais irritam) e criando uma estrutura fragmentada por flashbacks no primeiro ato da trama, o filme perde força, mas recupera toda sua atmosfera de mistério e tensão em seus momentos finais, onde as atuações seguras de Gagliasso e Alves, aliadas a um desfecho que não é tolo como a maioria dos plot twists estadunidenses, funciona bem e é coerente e honesto com toda a história que vinha apresentando até então. No final, posso afirmar que o público menos acostumado às convenções do gênero deve curtir muito Isolados pela novidade, e aqueles mais escolados no suspense devem enxergar uma inovação do cinema nacional ao mesmo tempo em que se divertem e se arrepiam com o enredo.

No entanto, uma coisa que me chateou envolvendo o filme foram os discursos de preconceito em relação à obra simplesmente pelo filme ser... brasileiro. E a sessão vazia (3 pessoas) na qual eu me encontrava com certeza foi reflexo disso. Uma pena.

NOTA: Crítica também publicada no Boca do Inferno

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