quarta-feira, 24 de abril de 2013

A Morte do Demônio (2013)

A Morte do Demônio (Evil Dead, EUA, 2013)
Direção: Fede Alvarez
Elenco: Jane Levy (Mia), Shiloh Fernandez (David), Lou Taylor Pucci (Eric), Jessica Lucas (Olivia), Elizabeth Blackmore (Natalie), Jim McLarty (Harold), Rupert Degas (Demônio - Voz)
Sinopse: Para ajudar a irmã Mia (Levy) que está em abstinência de drogas e tem surtos constantes,  seu irmão David (Fernandez) leva ela e alguns amigos para uma cabana isolada na floresta, onde pensam em fazê-la relaxar, mas chegando lá, encontram o livro Necronomicon e libertam os Mortites de volta em nosso universo.



"O filme mais apavorante que você verá nesta vida"



Apesar de exagerada, a tagline do novo Evil Dead acaba sendo cumprida ao oferecer uma experiência intensa, apesar de não exatamente assustadora. Dirigida pelo até então desconhecido diretor uruguaio Fede Alvarez, o longa funciona como uma reverência explícita ao original, se distanciando de propriamente um remake, assim como aconteceu com Madrugada dos Mortos. Essa certa independência da trama dá a Alvarez a liberdade necessária para se criar uma nova obra que não deve decepcionar os fãs menos exigentes.


A trama não deixa o sangue coagular e nos apresenta logo nossos protagonistas. David (Shiloh Fernandez) e seus amigos Natalie (Elizabeth Blackmore), Eric (Lou Taylor Pucci) e Olivia (Jessica Lucas) se reúnem em uma isolada cabana na floresta para auxiliar na recuperação da irmã de David, Mia (Jane Levy), viciada em drogas, na forma de um retiro. Não demora para que no porão seja feita a descoberta do Livro dos Mortos, e Eric comece a ler as passagens nele contidas. É claro que a partir desse momento os cinco jovens ficarão à mercê de uma força demoníaca representada pela possessão da vulnerável Mia.

O que se segue no filme são boas sequências de ação e horror, com efeitos práticos vistosos, e cenas fortes com muito gore que justificam a classificação indicativa de 18 anos. Não há praticamente nenhum senso de humor no roteiro, que prefere investir em cenas de tensão e no desenvolvimento de personagens, ainda que falhe miseravelmente nesse último aspecto, com destaque para uma enfermeira que provavelmente comprou seu diploma, tamanha burrice e falta de conhecimento em suas ações. No mais, o filme consegue até prender a atenção na maior parte de sua projeção, mas o terceiro ato parece ter sido feito apenas para aumentar a metragem do longa, já que é um festival de vai-e-vens e correrias que já vimos inúmeras vezes em outros filmes. Há destaque especial para a direção de arte e fotografia, que busca constantemente um clima de claustrofobia e isolamento. O resultado final é um horror correto e divertido, mas que não se transformará no novo clássico do gênero.

Curiosidades:
  • As primeiras letras dos nomes dos protagonistas formam a palavra Demon (Demônio), David, Eric, Mia, Olivia e Natalie;
  • Mia veste no filme uma blusa do estado do Michigan. Essa é uma homenagem ao diretor do original, Sam Raimi, e também uma referência a um personagem que usava essa roupa no original;

domingo, 21 de abril de 2013

Matadouro

Matadouro (Brasil, 2012)
Direção: Carlos Junior
Elenco: Fabiola Antico, Daisy Cris, Bruno Diego, Carlos Junior, Robson Mosquim, Juliano Pires, Kauane Santos, Mylena Vendramini.
SINOPSE: Cinco Jovens, com o único objetivo de voltar para casa, param com o carro na estrada por um motivo banal e, um a um, desaparecem, alguns sem deixar rastro, outros, deixando um traço de sangue que os leva a procurar os amigos, levando-os ao meio do nada, caindo nas mãos de um maníaco que tem como único objetivo, torturá-los, mata-los e se divertir um pouco com seu sofrimento. A câmera que eles carregam na viagem registra tudo. Do início, ao fim





"Comece a gritar... Você está sendo filmado"





José Mojica Marins, nosso maior expoente (e até bem pouco tempo atrás, o único) no gênero horror no país, estava certo quando dizia que no tempo dele o horror não só era famigerado (como aliás, até hoje continua sendo, apesar de seu apelo popular), como devido à censura e à ditadura, tudo era muito mais difícil. (Isso sem falar nas necessidades mais técnicas para se fazer um filme de qualquer gênero, ainda mais de horror). Com o rápido avanço da tecnologia, hoje em dia é possível, mesmo com pouca grana, investir em uma história e filmar seu próprio filme, e acredito que mesmo com pouco conhecimento, o essencial, mesmo, é ter paixão, tesão, ser devotado ao cinema, pois o restante dá-se um jeito. E paixão e comprometimento é o que não faltam na equipe responsável por Matadouro, longa nacional que bebe na fonte do gênero found footage, e referencia vários sucessos de horror. Infelizmente, no entanto, Matadouro  acaba não entregando um produto final que vá de diferente em relação ao que já vimos dentro do gênero. O longa acompanha a jornada de cinco amigos que viajam de carro e acabam parando em uma acostamento de rodovia, desaparecendo um a um. 

Ainda que contenha diversas referências inteligentes, como a canção do CCR, “Bad Moon Rising” contida no clássico Um Lobisomem Americano em Londres e a famosa cena do martelo de O Massacre da Serra Elétrica, e também apresente uma crueza que confere verossimilhança nas filmagens dos amigos e no diálogo prosaico entre eles, além de pelo menos uma cena corajosa (que não revelo) próxima ao final do filme, o roteiro de Carlos Junior não consegue apresentar nada de muito novo, já que o formato found footage, ainda que o ideal para cineastas com pouca grana, já está extremamente desgastado e saturado de filmes bons e ruins. Além disso, por mais realismo que as filmagens evoquem, não há justificativa para a completa escuridão e o problemático som, já que há um momento em que não se consegue nem se ver, nem se ouvir nada com clareza, o que em vez de causar desespero, causa uma desagradável sensação de confusão, que joga imediatamente o espectador fora da trama. Finalmente, sobre as atuações, todos vão bem, com destaque para o vilão interpretado por Bruno Diego, que confere, ainda que durante os poucos minutos que tem em cena, a insanidade necessária ao seu personagem. Entretanto, com mais erros do que acertos, Matadouro é mais um dos horrores nacionais da era digital que fica no meio do caminho.


 
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