terça-feira, 31 de maio de 2016

15 Gemas do gênero horror que você provavelmente não viu ainda

*Artigo originalmente elaborado em comemoração aos 15 Anos do site Boca do Inferno

Em geral quando o público aficionado por horror quer conferir um longa do gênero, a ida até os vários multiplexes existentes no país não costuma ajudar muito. Relativamente pouco frequentes nas salas nacionais, filmes de terror quando chegam são, em geral, aqueles bancados por grandes estúdios que não mantém regularidade na qualidade (não é raro que os cinemas brazucas se entulhem de remakes e fórmulas prontas). Além disso, não é raro o gigante atraso com que algumas produções chegam ao Brasil. Alguns exemplos incluem o remake de O Massacre da Serra Elétrica (2003) que só aportou por aqui em 2005 numa estreia discretíssima. Mais recentemente tivemos mais duas produções de qualidade atrasadas e lançadas sem alarde: Corrente do Mal e Boa Noite, Mamãe. Para além do atraso e da escolha duvidosa dos distribuidores que decidem quais filmes estrearão nos cinemas daqui, filmes do gênero costumam ficar pouquíssimo tempo em cartaz. Tudo isso gera, claro, inúmeras obras que passam despercebidas pelos fãs, e não fosse a Internet, tais filmes ficariam certamente no limbo, já que muitas vezes sequer em home video algumas produções – geralmente independentes e de baixo orçamento – acabam vendo a luz do dia.
Como forma de homenagem e comemoração aos quinze anos do maior site de Horror do Brasil, listamos agora quinze produções de fantasia, suspense e horror que foram lançadas no novo milênio e que merecem ser vistas ou revisitadas pelo leitor, apesar (ou justamente) de serem pouco conhecidas.



Lucky McKee é um nome conhecido no circuito independente de horror, tendo inclusive participado como um dos diretores do projeto Mestres do Horror (o segmento Criatura Maligna). Nenhum de seus filmes chegou aos cinemas brasileiros (nem mesmo A Floresta, bancado pela Sony e distribuído em DVD no Brasil). May, sua obra-prima que vem ganhando ao longo dos anos um status cult, acompanha a vida da solitária personagem-título (Angela Bettis), uma moça desajeitada e tímida que se apaixona pelo boa-pinta Adam (ou melhor, por suas mãos). May logo descobre, no entanto, que ninguém é perfeito por completo, somente algumas partes são. Um sensível drama psicológico misturado ao slasher, inspirado em Frankenstein e Taxi Driver, tudo embalado por uma trilha deliciosa de indie rock e por composições melancólicas de Jaye-Barnes-Luckett.

Este drama sobrenatural em forma de mockumentary vem direto da terra dos cangurus. Investindo num ótimo elenco desconhecido, o longa escrito e dirigido pelo australiano Joel Anderson acompanha o luto da família Palmer, que após sua filha Alice (Talia Zucker) morrer afogada numa represa local enquanto nadava, começa a ver sua vida entrando em parafuso. Fotos tiradas após o acidente parecem mostrar a presença de Alice, mas não espere algo do naipe do tailandês Espirítos. A pegada de Lake Mungo é diferente, mais voltada para um constante clima de depressão, pesar e mistério, já que logo descobrimos que nada é o que realmente parece. O curioso é a sensação desagradável que o longa deixa no espectador após seu desfecho, mesmo não sendo um filme de horror no sentido estrito. Ah!, e as referências a Twin Peaks não são por acaso...


Berberian Sound Studio (2013)
Peter Strickland escreveu e dirigiu este verdadeiro tributo ao horror giallo italiano da década de 70, com Toby Jones (O Nevoeiro) no papel central de um técnico de som (foley) britânico que é convidado para ir até a Itália para trabalhar nos efeitos sonoros de um violento filme de horror. Prestando homenagem também ao respeitável e essencial trabalho dos artistas do som no cinema, Berberian é um metafilme inteligente que deliciará os fãs do cinema de gênero italiano.


Vem do Canadá esse filme que traz uma abordagem diferente para o já saturado subgênero dos mortos-vivos. Passando-se quase exclusivamente numa estação de rádio, na qual o apresentador (Stephen McHattie) tenta entender o que se passa no lado de fora conforme depoimentos incoerentes, gritos e confusão tomam conta da transmissão. O longa é um inteligente filme de horror no qual tudo pode acontecer.


Found (2012)
Scott Schirmer é o diretor deste filme de baixíssimo orçamento (8000 dólares para ser mais preciso) sobre um garoto fanático por filmes de terror e que suspeita que seu irmão mais velho pode ser um serial killer de verdade. Gráfico e brutal na representação da violência, Found foi banido na Austrália e acabou gerando o também recente e violento Headless, o filme dentro do filme em found.



Por Trás da Máscara: O Surgimento de Leslie Vernon (2006)
O consenso do site agregador de críticas Rotten Tomatoes é que esse longa americano é um mockumentary inteligente que apresenta uma homenagem sangrenta, divertida e obviamente apaixonada pelo gênero slasher. Na trama somos apresentados a um pacato morador de uma cidadezinha que por trás de sua aparência tem sonhos muito peculiares. Ele pretende seguir os passos de seus ídolos, tais como Freddy Krueger, Jason Voorhees e Michael Myers, tornando-se o próximo grande maníaco fatiador. Fazendo uma verdadeira autopromoção, Leslie Vernon permite que uma equipe de documentaristas tenha acesso exclusivo a sua vida e aos seus planos assassinos.


Divertido, ágil, angustiante, original, referencial, Espinhos baseia seu roteiro numa situação simples. Um casal em viagem romântica é atacado e sequestrado por um perigoso fugitivo, mas a coisa fica feia mesmo quando aparece um parasita sedento por sangue, que incorpora o corpo de suas vítimas. Escondendo-se num posto de gasolina abandonado, o grupo deverá se unir para sobreviver à criatura...e a eles mesmos.


Um eco-horror found footage mockumentary? Dirigido por Barry Levinson (Assédio Sexual, Rain Man)? Isso mesmo. Cymothoa Exigua é um parasita nojento e estranhíssimo, mas que felizmente só afeta peixes, devorando a língua do hospedeiro e se alojando no local, funcionando como uma língua viva e se alimentando do que o peixe come (Argh!). Mas em The Bay o tal bicho sofreu uma mutação devido à atividades industriais e foi o responsável pela morte de mais de 700 pessoas, peixes e passáros na cidade de Claridge, Maryland, em Julho de 2009. Pelo menos é isso que o falso documentário mostra nas filmagens reveladas três anos após o incidente. Imagens grotescas e tensão permeiam o eficiente longa-metragem.


New French Extremity não pode faltar em uma lista de filmes obscuros. Julien Maury e Alexandre Bustillo dirigem esse longa sobre uma mulher grávida, Sarah (Alysson Paradis) recentemente envolvida em um grave acidente de carro que tirou a vida de seu marido. Sozinha em casa na noite da Véspera de Natal, ela recebe batidas na porta de uma estranha que descobriremos ser nada amigável e parece querer apenas uma coisa: o bebê dentro de Sarah. Criticado por alguns por ser gratuito, uma coisa é certa; sangue em profusão e imagens aberrantes são aliadas a um bom clima de tensão nessa obra que não é para fracos de estômago.


Esse filme muy estranho tem como protagonista Pauline (Annalynne McCord, de Dia dos Mortos), uma colegial meio perturbada que pretende ser uma cirurgiã. Os sonhos bizarros e sanguinolentos de Pauline encontram eco na vida real, quando ela decide perder a virginidade com um sujeito escroto que sempre a perseguiu na escola. Eles encontram-se num motel e...Bem, digamos que a coisa não vai como o planejado, com Pauline mudando de atitude e fazendo algo que ninguém esquecerá.


Found Footage encontra a Deep Web neste longa dirigido por Zachary Donohue que mostra a pesquisadora Elizabeth Benton (Melanie Papalia) que investiga um site conhecido como The Den, uma espécie de Omegle, procurando investigar o hábito dos usuários do chat-roulette. Durante um de seus chats aleatórios, Elizabeth presencia o que julga ser um real assassinato ao vivo. Quando ninguém acredita nela, Elizabeth busca por conta própria as origens do vídeo e se embrenha nos redutos mais profundos da Internet, encontrando mais do que procurava.


Em Erin Island, na Irlanda, uma equipe de pesca desaparece, baleias começam a aparecer mortas na costa, um pescador de lagostas encontra uma estranha espécie com tentáculos em sua armadilha. Ciaran O’Shea (Richard Coyle) é um policial cujas atribuições geralmente não passam de lidar com os bêbados locais, geralmente ele mesmo o embriagado. Junto com a chegada de uma nova policial (Ruth Bradley), O’Shea deve lidar com um monstro alienígena e a única proteção para os habitantes locais se encontra no pub. Muito álcool!!! Comédia e horror ao estilo de Todo Mundo quase Morto e Ataque ao Prédio.


Creep (2014)
Este recente found footage minimalista conta o conto de Aaron (Patrick Brice, que também dirige e roteiriza o longa), um sujeito desempregado que vê num anúncio a chance de faturar uma graninha. 1000 dólares por um dia de filmagens. Ele dirige até uma cabana isolada nas montanhas e descobre que seu contratante (Mark Duplass, também assinando o roteiro) não é bem quem diz ser e suas intenções podem não ser tão sinceras. Abrindo mão da sangreira e investindo num tom psicológico convincente, Creep combina tensão e estranheza com economia de recursos.


Colapso no Ártico (2006)
Ron Perlman estrela esse suspense de horror ambientalista que se passa no Alasca e acompanha uma equipe encarregada de explorar petróleo que se vê tormentada por um mal obscuro. Medo, paranoia e insanidade tomam conta dos trabalhadores após um deles ser encontrado morto. Dirigido, coescrito, montado e produzido por Larry Fessenden (Pod, Late Phases), o longa aposta em criar uma atmosfera inquietante em torno do clima gélido e de, vejam só, um poço de petróleo.


The Snowtown Murders (2011)
A Austrália aparece novamente na lista com a história de Jamie (Lucas Pittaway), um adolescente que faz logo amizade com um carismático homem que logo se tornará uma figura paterna para ele. No entanto, não demora para que Jamie alimente suspeitas sobre o caráter de seu amigo, que se trata de John Bunting, o mais famoso serial killer australiano. Um estudo do mal personificado em uma mente doentia encontra expressão na ultraviolência das imagens mostradas na tela.



Nem é preciso dizer que após essa recomendação de quinze filmes, muitos títulos acabaram ficando de fora. Só de cabeça, mais de 50 títulos caberiam facilmente aqui. Alguns deles o infernauta pode conferir neste outro artigo do Boca do Inferno; outros, como Bubba Ho-tep (2002), Offspring (2009), The Woman (2011), Plataforma do Medo (2004), Possuídos (2006), Honeymoon (2014), Headless (2015) e A Fronteira (2007) entram como menções mais do que honrosas.

E você, horrornauta? Quais filmes obscuros do novo século você também incluiria na lista?

sábado, 28 de maio de 2016

All Cheerleaders Die (2013)

All Cheerleaders Die (All Cheerleaders Die, EUA, 2013)
Direção: Lucky McKee, Chris Sivertson
Roteiro: Lucky McKee, Chris Sivertson
Elenco: Sianoa Smit-McPhee (Leena), Caitlin Stasey (Maddy), Sidney Allison (Brooke), Shay Astar (Sra. Wolf), Nadia Boceski (Kayle), Michael Bowen (Larry), Brooke Butler (Tracy), Amanda Grace Cooper (Hanna Popkin), Jesse Hublik (Professor), Felisha Cooper (Alexis), Reanin Johannink (Martha Popkin), Mike McKee (Treinador Wolf), Leigh Parker (Manny), Chris Petrovski (George Shank), Jordan Wilson (Vik), Tom Williamson (Terry), Callan Mielnik (Cheerleader), Dallas (Madeleine).
SINOPSE: Na trama uma garota rebelde se úne a um grupo de líderes de torcida para derrubar o capitão do time de futebol, mas após uma estranha reviravolta nos eventos, as garotas são jogadas em uma batalha sobrenatural em uma noite que jamais esquecerão.








Convenhamos. O gênero feminino no cinema de horror nunca teve uma representação adequada. Salvas raras exceções (Pânico, Alien vêm a mente), a mulher, mesmo nas clássicas final girls dos anos 80, é de maneira frequente, pobremente caracterizada, e as eventuais heroínas do terror são geralmente aquelas que reforçam estereótipos, como as virgens ou as que têm que se masculinizar para atingirem seus objetivos. Entre várias causas para isso, podemos, talvez, apontar a falta de diretoras no cinema em geral, e a comodidade dos realizadores em reforçar convenções já saturadas. Não é o caso, certamente, de Lucky McKee, cineasta independente que já havia trazido contribuições originais para o cinema e para personagens femininos com o cult May – Obsessão Assassina (2002), o filme de bruxas A Floresta (2006) e com o nada sutil de The Woman – Nem Todo Monstro Vive na Selva (2011). Portanto, já esperávamos algo diferenciado quando All Cheerleaders Die, dirigido por McKee e seu amigo Chris Sivertson (Eu sei quem me Matou) teve sua passagem por festivais (inclusive no Brasil) em 2013. Primeira comédia de McKee após quatro longas pesados, o filme na verdade é um remake homônimo de um lançamento de 2001 feito diretamente para vídeo e de forma modestíssima após McKee e Sivertson saírem da faculdade de cinema.



Apostando numa premissa facilmente reconhecível pelo público já acostumado ao universo americano dos colégios, do football e das cheerleaders, o longa segue Maddy Killian (Stasey), uma colegial meio rebelde que durante um trabalho de classe decide filmar a curiosa fauna da escola. Entre nerds, machões e garotas populares, Maddy segue a rotina de Alexis (Cooper), uma líder de torcida popularíssima que tem um trágico fim durante uma de suas performances. Decidida a prestar uma espécie de tributo à falecida e também a executar uma vingança contra o capitão do time de futebol, Terry (Williamson) cujo motivo logo identificamos, Maddy consegue entrar para a equipe de cheerleaders no lugar de Alexis e consegue persuadir as garotas, em especial da agora namorada do jogador, Tracy (Butler), a se virarem contra Terry. Após um tenso embate entre bitches e dogs (conforme o roteiro), as garotas acabam morrendo. Mas não acaba aí. Graças as habilidades de Leena (Smit-McPhee), a então melhor amiga de Maddy, lésbica, gótica e praticante de magia, as moças conseguem voltar à vida, no entanto ligeiramente modificadas.



All Cheerleaders Die é um filme estranho, verdade, e é bem provável que o roteiro que passeia pelo romance, pelo gore e pela comédia, desagrade grande parte dos fãs que gostam de algo mais convencional, no entanto, é inegável que o longa não cai no tédio em nenhum momento. Embalado por uma trilha sonora dançante, embora genérica, o filme ainda se beneficia de um esperto uso de câmera vacilante que faz parecer que há sempre algo acontecendo. Ainda há a montagem bastante fluída que confere um ritmo ágil à saga de Maddy e ao elenco uniformemente engajado em seus papeis.




Contendo ainda uma poderosa e ambiciosa mensagem nas entrelinhas, McKee e Sivertson não deixam de cutucar certas convenções do gênero, como a objetificação feminina e o herói que chega para salvar a mocinha. No entanto, o roteiro escrito à quatro mãos acaba sendo vítima dos mesmo clichês que satiriza, como personagens excessivamente rasos, o desfecho burocrático e ainda um desfecho para uma eventual sequência. O veredicto é que, apesar de imperfeito como as personagens apresentadas na trama, o longa deve divertir o fã casual, mais ainda se o leitor tiver gostado de filmes como Jovens Bruxas, Garota Infernal e Atração Mortal. :)



quarta-feira, 11 de maio de 2016

Combustão Espontânea (1990)

Combustão Espontânea (Spontaneous Combustion, EUA, 1990)
Direção: Tobe Hooper
Roteiro: Tobe Hooper, Howard Goldberg
Produção: Jim Rogers
Elenco: Brad Dourif, Cynthia Bain, Jon Cypher, William Prince, Melinda Dillon, Dey Young, Tegan West, Michael Keys Hall, Dale Dye, Dick Butkus, Joe Mays, Stacy Edwards, Brian Bremer, Frank Whiteman, Judy Prescott, Judy Behr, Betsy Thomas, John Landis, Jamie Alba, Mark Roberts, Richard Warlock, Judith Jones, Bill Forward, Ron Blair, Mimi Wearn, Sandy Ignon, Nick Gambella, Barbara Leary.
SINOPSE: Sam Kramer (Brad Dourif) é um rapaz comum que descobre ser filho de um casal usado como cobaia num experimento secreto radioativo nos anos 50. Ele pode se incendiar e provocar uma verdadeira tragédia ao seu redor. Após descobrir que foi vítima inocente nesta experiência macabra, Sam inicia um processo de vingança que culminará num caos terrível.




Após um hiato de quatro anos longe das telas grandes, Tobe Hooper, criador de pelo menos duas obras essenciais do horror, decidiu em 1990 novamente tocar um projeto mais pessoal e longe de grandes produtoras. Baseado em um argumento de sua própria autoria, Hooper se uniu a Howard Goldberg para escrever o tratamento para o longa Combustão Espontânea, que seria produzido por um pequeno grupo de forma independente. A premissa do longa é até interessante, apesar de explorada até a exaustão por filmes que vieram antes e depois desse. No contexto da Guerra Fria, cerca de 10 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, o casal Peggy e Brian (Edwards e Bremer) é voluntariamente cobaia de um experimento militar que visa provar a eficácia de um abrigo antinuclear em testes com Bombas de Hidrogênio. Vítimas não somente da radiação, mas também de supostas "vacinas" que recebem frequentemente, o casal logo descobre que terá um filho, a contragosto da corporação, e ambos acabam tendo um destino explosivo. Cortamos para o presente, onde o jovem adulto Sam/David (Brad Dourif), um professor do colegial, nem desconfia de suas origens e do que ocorreu com seus pais. O problema é que o pobre rapaz sofre com recorrentes crises de enxaqueca e, para piorar, descobre que momentos de extremo estresse acabam levando-o a ter episódios de combustão espontânea, fenômeno fictício no qual um ser humano seria capaz de, teoricamente, produzir fogo apenas com o poder da mente. Não demora para que Sam vá atrás de suas origens e dos responsáveis pelo desagradável "super-poder". Ainda há uma subtrama envolvendo a instalação de uma usina nuclear na cidade e o caráter misterioso de Lisa (Cynthia Bain), namorada de Sam.




Encabeçado por um sempre intenso e carismático Brad Dourif, Combustão Espontânea até consegue criar empatia do público com aquele que se torna o protagonista da trama, no entanto, todo o esforço do ator não é suficiente para delinear bem seu personagem, que soa no máximo bidimensional no roteiro. Os personagens que o circundam, então, são caricatos ao extremo, incluindo até mesmo uma rápida inclusão de um cientista louco, conotando ao longa um aspecto trash que não se justifica na proposta inicial. Além disso, em vez de se preocupar em seguir sua proposta num longa coeso, o roteiro acaba gerando diálogos constragedores e alguns furos (por exemplo, por que Sam apresenta seus poderes apenas quando já bem adulto e por que não o capturaram antes se este tinha algum valor para o governo) que quase comprometem a coisa toda. Em vez de ideias, Hooper apela para estímulos visuais (em efeitos que, se considerarmos a época do filme, são até eficientes) que pouco ou nada acrescentam às ideias do roteiro, que ainda acaba por entregar um desfecho genérico com perseguições no estilo gato-e-rato e um final completamente anti-climático. Se vale a recomendação, é para os fãs do trabalho do diretor e pela performance eficiente de Dourif. 


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