terça-feira, 9 de maio de 2017

O Sinal - Frequência do Medo (2014)

 O Sinal – Frequência do Medo (2014)
Original: The Signal País: EUA  Ano: 2014
Direção: William Eubank
Roteiro: William Eubank, Carlyle Eubank, David Frigerio
Produtores: Tyler Davidson, Brian Kavanaugh-Jones, Lia Buman
Elenco: Brenton Thwaites, Olivia Cooke, Beau Knapp, Laurence Fishburne, Lin Shaye, Jeffrey Grover, Patrick Davidson, Roy Kenny, Robert Longstreet, Drew Sykes.












Nic (Thwaites) e Jonah (Knapp) são dois jovens estudantes e melhores amigos, que manjam muito de computação e programação, e que por algum motivo são contatados por um hacker que se mostra um verdadeiro gênio da informática (e se autodenomina como Nomad). Dispostos a localizar o tal computeiro, eles partem numa viagem de carro até o estado do Nevada, acompanhados por Haley (Cooke), namorada de Nic. Ainda há espaço nesse início de trama para uma crise no relacionamente dos namorados, motivada em parte pela deficiência física de Nic e os planos dos jovens para seus futuros. Quando chegam no tal lugar, os jovens percebem uma área sem iluminação e com apenas uma velha casa aparentando abandono, que é de onde o sinal foi identificado. De repente, Nic acorda num local incerto e começa a ser interrogado por Damon (Fishburne), um sujeito misterioso vestido com uniforme anti-contaminação. O elenco ainda conta com uma subaproveitada Lin Shaye.

O parágrafo anterior tratou apenas dos primeiros vinte minutos do filme. Isto porque a direção de Eubank, inquieta, parece mudar de rumo a cada quinze minutos, não permitindo dessa maneira que o espectador consiga imergir completamente numa das várias linhas narrativas propostas pelo longa. Num momento, ficamos preocupados com a dificuldade de locomoção de Nic, mas isso parece não importar de fato, depois o foco muda para o relacionamento com sua namorada, mais tarde, depois queremos saber quem é o tal hacker e o que o mesmo deseja, em outra hora, a trama muda o foco para instalações militares secretas nos EUA, e em outro momento ainda, alienígenas ameaçam entrar na jogada. Ou seja, se os primeiros vinte minutos (e até o suspense que evoca a instalação secreta onde Nic se encontra) são bastante intrigantes, em outro instante se transforma num amontoado de ideias confuso e, aparentemente sem propósito de uma mente criativa, mas desorganizada. Ainda assim, é admirável que um universo aparentemente tão rico seja criado, além do bom primeiro ato.


No entanto, contando com um desfecho obscuro e sem explicações, O Sinal é mais um desses filmes que valem mais pela curiosidade do que propriamente sua qualidade, entretendo o espectador muito mais nas hipóteses e mistérios que lança durante sua projeção do que por sua confusa conclusão.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Demônio de Neon (2016)

Demônio de Neon (Neon Demon, EUA/Dinamarca/França, 2016)
Direção: Nicolas Winding Refn
Roteiro: Nicolas Winding Refn, Mary Laws, Polly Stenham
Produção: Lene Børglum, Sidonie Dumas, Vincent Maraval
Elenco: Elle Fanning, Karl Glusman, Jena Malone, Bella Heathcote, Abbey Lee, Desmond Harrington, Christina Hendricks, Keanu Reeves, Charles Baker, Stacey Danger, Jamie Clayton, Rebecca Dayan, Rachel Dik.













            Fazer comparações com os trabalhos anteriores de Nicolas Winding Refn é inevitável quando assistimos a Demônio de Neon, mais recente longa do cineasta dinamarquês conhecido por sua direção virtuosa, que lhe rendeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2011, pelo filme Drive.
            Demônio de Neon apresenta um roteiro (escrito à seis mãos) simples e rapidamente identificável. Nele, somos apresentados a Jesse (Fanning) uma adolescente de beleza única, que aporta em Los Angeles vindo sabe-se lá de onde, e rapidamente chama a atenção de figurões da indústria da moda, fazendo com que ela obtenha rapidamente uma escalada ao sucesso das modelos, e junto com isso também desperte a inveja de outras beldades (Heathcote e Lee), bem como outros tipos de interesse na maquiadora Ruby (Malone). Pronto. É isso. Se o espectador provavelmente já viu algum filme ou produto audiovisual com uma trama parecida com a descrita acima, não é a novidade narrativa que traz algum frescor a Demônio de Neon, mas sim o estilo do diretor Refn, que faz com que uma historinha simples e manjada (a exemplo de Drive, vale lembrar) ganhe um novo valor quando transposta para a linguagem audiovisual. Aqui não é diferente. Visualmente deslumbrante, seu novo longa parece ter sido concebido para ter cada um de seus planos emoldurado e exibido em uma galeria de arte, tamanha perfeição da mise en scène construída pelo diretor. Reparem, por exemplo, na cena em que Jesse encerra um desfile como destaque da coleção, e o jogo de cores (vermelho/azul) e formas, é responsável por criar um ponto de virada decisivo para a personagem. Aliás, assim como naquele filme de 2011, novamente Cliff Martinez retorna como compositor e faz mais uma vez uma trilha sonora impactante, repleta de arranjos eletrônicos.
            Porém aqui alguns problemas saltam aos olhos. Ignorando qualquer interesse sobre suas personagens, o filme se limita a delineá-las de maneira rasa, unidimensional, sem qualquer subtexto, aliás, criando a impressão de que as atrizes e atores do filme não passam de objetos de cena, não criando identificação alguma com o espectador. O filme ainda é cheio de cenas que, enquanto metáfora ou alegoria, falham ao exercer algum sentido na trama, como aquela que mostra uma onça dentro do quarto de Jesse. Outras dessas cenas soam apenas de mau gosto, como aquelas que envolvem abuso sexual e necrofilia.
        
    E já que não há como analisar de maneira profunda o trabalho do elenco do filme, resta avaliar alguma possível intenção de crítica que o longa possa oferecer. E nisso a meu ver Demônio de Neon também fica devendo. Parecendo em diversos momentos criticar a indústria da moda, da fama, e da beleza superficial, o filme acaba sendo vítima do próprio discurso que tenta veicular. Afinal, basta ver, entre outros aspectos, que Refn alimenta o próprio ego ao colocar nos créditos iniciais suas próprias iniciais, como se afirmasse: Ei, este é um produto da grife N.W.R. Ao que parece, a autoindulgência faz mais uma vítima. 


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