segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Palhaços Infernais (2016)

"Slasher dos mais genéricos que usa a temática de Palhaços como mero pano de fundo para sua falta de ousadia e seus inúmeros defeitos"

Palhaços Infernais (2016)
Original: Clowntown
Ano: 2016
País: Estados Unidos da América
Diretor: Tom Nagel
Roteirista: Jeff Miller
Produção: Christopher Lawrence Chapman, Jeff Miller, Brian Nagel, Tom Nagel
Elenco: Brian Nagel, Lauren Compton, Andrew Staton, Katie Keene, Jeff Denton, Greg Violand, Maryanne Nagel, Tom Nagel, Kaitlyn Sapp, David Greathouse, Chris Hahn, Ryan Pilz, Alan Tuskes, Beki Ingram, Christopher Lawrence Chapman, Thomas A. Nagel.










Com todo o recente frisson causado por sinistras aparições de palhaços nos Estados Unidos no ano passado, não demorou para que o cinema se apropriasse do “fenômeno”, e utilizasse a ideia como mote para um filme. Palhaços Infernais, primeiro longa do ator Tom Nagel a partir do roteiro de Jeff Miller, usa e abusa de diversos palhaços como vilões, bem como adota uma estrutura narrativa similar a vários filmes de horror da década 70 e 80 e ainda presta homenagens a clássicos como Halloween - A Noite do Terror (1978) e O Massacre da Serra Elétrica (1974), porém falhando no restante, ou seja, justamente não criando uma identidade própria, se transformando em mais um slasher semiamador dos mais genéricos.
A partir de um breve, gratuito, formulaico e dispensável prólogo, que mostra uma babá (Sapp)
sendo dilacerada após mostrar os seios, e colocar um sinistro casal de irmãos para dormir, somos apresentados à trama principal. Nela, somos apresentados a quatro amigos, estereótipos ambulantes porcamente caracterizados. Brad (Nagel) é o rapaz certinho e apaixonado, que pretende pedir a mão da namorada em noivado (sério mesmo??), sua companheira, Sarah (Compton) é a moça candidata a final girl que vai ficar correndo suada em vários momentos do longa. Seu melhor amigo, Mike (Staton), é o comediante que dá uma de corajoso. E Jill (Keene) é a namorada de Mike que tem uma ou duas falas antes de desaparecer misteriosamente. Estas quatro “personagens” estão indo para um concerto de rock, e parando em uma cidadezinha, descobrem, com informações obtidas pelo Xerife local, que precisam passar por pequenas cidades para chegar ao tal show. Quando o celular de Jill é extraviado, eles descobrem que para ter o aparelho de volta precisam parar em Clinton para se encontrar com o cara que achou o celular. Chegando lá, no entanto, os jovens percebem que a cidade está praticamente deserta, exceto por uma gangue de psicopatas vestidos de palhaços que parecem se divertir às custas do medo dos jovens. Ainda há dois personagens secundários que pouco importam na trama e logo viram bucha de canhão.
Pecando não apenas pela rasa caracterização, as personagens de Palhaços Infernais ainda são interpretadas por um elenco sofrível, que parece estar sempre declamando suas frases, ou utilizando muletas de interpretação, como caretas e maneirismos na intenção de passar mais veracidade, sem sucesso. Além disso, mesmo com a duração enxuta (85 minutos), o longa se arrasta em cenas repetitivas e uma completa falta de ritmo que faz o espectador cair no sono com frequência. Para não ser injusto, há de se destacar o aspecto de Cidade Fantasma da cidade de Clinton, que através da fotografia de Ken Stachnik confere um caráter sobrenatural e macabro que às vezes funciona. Já o design na maquiagem dos palhaços cai na mesmice, não assustando ou incomodando justamente pelo fato de os vilões aparecerem a todo momento, quebrando qualquer chance de mistério. As mortes também são frequentemente atenuadas, mostrando pouca violência ou gore, se isto for o que o espectador estiver procurando...

No entanto, contando ainda com vários dos mesmos expedientes do gênero (sustos falsos quando algum personagem vai investigar um barulho, a providencial chegada de um personagem que achávamos estar morto) e efeitos sonoros risíveis (socos, chutes e golpes soam falsos ao extremo), Palhaços Infernais (a julgar pela quantidade de sobrenomes Nagel nos créditos do filme) parece ter sido concebido como um experimento de família que deveria ter ficado restrito ao círculo dos amigos dos realizadores.

terça-feira, 5 de setembro de 2017

"A Ilha do Mal" (2017)

A Ilha do Mal (Land of Smiles, EUA/Tailândia/Austria, 2017)
Diretor: Bradley Stryker
Roteirista: Bradley Stryker
Produtorxs: Bradley Stryker, Caitlin Cromwell
Elenco: Alexandra Turshen, Keenan Henson, Caitlin Cromwell, Bradley Stryker, Amie Barsky, Krista Donargo, Brandon Nagle, Leandra Ramm, Kate Stone, Jen Burry, Paul C. Kelly, Charisse Bellante, Luke Ditella.
SINOPSE: Uma jovem mochileira é atraída pelo paraíso do terceiro mundo da Tailândia à procura de sua melhor amiga sequestrada e, sem saber, ela se torna o objeto da obsessão de um sociopata.









Utilizar um país “de terceiro mundo” como locação para um filme de terror não é
novidade no cinema de Hollywood. Basta lembrarmos de “Turistas” que usou as terras tupiniquins como território livre para tráfico de órgãos e assassinatos de americanos. Agora é a vez da infame Tailândia virar chacota dos estadunidenses, que aqui mantêm o hábito de tratar países fora do eixo norte-americano e centro-europeu como terras de ninguém, panos de fundo meramente exóticos e violentos para suas narrativas. 
Em “Ilha do Mal”, Abby é uma jovem adulta que, após flagrar seu namorado a traindo, e brigar com sua melhor amiga Penny, decide ir atrás dela na Tailândia, onde logo percebe que sua parceira desapareceu. De repente, ela começa a receber estranhas mensagens e vídeos envolvendo um palhaço que tortura Penny e parece querer propor um perigoso jogo para Abby e seus colegas tailandeses, para que Penny continue viva.
A premissa genérica acima só não é pior que as decisões tomadas ao longo do filme pelas personagens, que parecem levar a sério a convenção que aponta um baixo Q.I. para  papeis de filmes do gênero.  Aliás, o filme todo é uma falta de propósito ambulante. O elenco é fraquíssimo, quase amador, e tenta de todas as formas possíveis passar uma seriedade que não convence, que em vez disso, acaba aborrecendo o espectador com frequência. A seriedade também é pretendida pelo diretor-roteirista Bradley Stryker quando busca talvez uma significação complexa para a montagem psicodélica durante as várias festas que ocorrem no filme, sem, no entanto, um objetivo aparente na trama. Outra escolha duvidosa da direção foi a opção por um found footage misturado com takes filmados com câmera na mão e outros filmados convencionalmente, denotando clara falta de técnica e de sentido em seu roteiro, que em outras mãos, poderia ousar muito mais, ou até mesmo investir num humor negro que vestiria muito bem a proposta do turismo-macabro-com-palhaços.
Apostando na atual moda dos palhaços assassinos, o roteiro não explora bem o porquê do assassino/stalker se vestir dessa maneira, parecendo apenas querer pegar carona na tendência do momento, e enfiando lá pelo terceiro ato uma rave com várias pessoas vestidas de palhaço, sem, mais uma vez, apresentar qualquer motivação para inserção na trama, enchendo linguiça como poucas vezes vistas.
Curiosamente, se há alguma qualidade no longa-metragem (primeiro dirigido por Stryker, ator com mais de trinta créditos no currículo) é justamente o personagem australiano Dale (interpretado por, vejam só, o próprio Stryker), que traz vida e algum bom humor para o arrastado enredo, demonstrando que alguns artistas talvez devessem se manter apenas em frente às câmeras…


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