Elenco: Aaron Poole, Kenneth Welsh, Daniel Fathers, Kathleen
Munroe, Ellen Wong, Mik Byskov, Art Hindle, Stephanie Belding, James
Millington, Evan Stern, Grace Munro, Trish Reinone, Matthew Kennedy.
A trama de The Void tem início quando o viciado em drogas
James (Stern)
foge de uma fazenda isolada no meio da mata. Outra
mulher não tem a mesma sorte e acaba queimada viva por Vincent
(Father) e seu filho (Byskov). Sem muitas explicações, seguimos
para a cena onde o policial Daniel (Poole) encontra James se
arrastando pela estrada e decide levá-lo ao Hospital local,
recém-atingido por um incêndio (boa ferramenta do roteiro para
justificar o baixo número de pessoas no local). Lá chegando eles se
juntam a um pequeno grupo de funcionários e pacientes. Após Daniel
assassinar uma enfermeira após encontrá-la num aparente transe
assassinando graficamente um paciente, o caos se instala. Eles não
conseguem deixar o local, pois um sinistro grupo de cultistas
encapuzados cerca o local, mas descobrem que ficar no hospital
tampouco é seguro, pois estranhos seres parecem habitar os porões.
O que nem o público e nem as personagens parecem compreender é que
há algo muito mais misterioso e ancestral por trás dos estranhos
eventos pelos quais passam.
Com um pé em H.P. Lovecraft e outro no clássico O
Enigma de Outro Mundo (1982), de John Carpenter, o
filme compensa a falta de recursos financeiros (o longa foi levantado
via Indiegogo) com muito tesão pelo gênero que homenageia e
muita criatividade. Ao optar, por exemplo, em concentrar a ação
basicamente num único espaço, os diretores-roteiristas economizam
em elenco, locação e ainda exploram com eficiência a claustrofobia
do local. Além disso, o investimento em efeitos de maquiagem
práticos (praticamente livres de CGI) potencializa ainda mais o
efeito grotesco que o filme proporciona em vários momentos. Já as
personagens são todas delineadas com o estereótipo padrão, pouco
evitável em filmes do gênero. Há o policial durão e herói com um
passado traumático, e sua ex-esposa, e todo o resto que não passam
de caricaturas. Divertido mesmo é o baita climão instalado pelo
longa, que dá toda a impressão de estarmos assistindo a um horror-B
dos anos oitenta, sem falar nas referências várias a Clive Barker,
David Cronenberg e o já falado Carpenter
No entanto, toda a nostalgia parecer funcionar somente até certo
ponto: Por não haver muito investimento nas personagens ou nas
subtramas exploradas, ficamos com a sensação de referência de mais
em filme de menos, não gerando um sentimento de identidade própria
em The Void e decepcionando em seu ato final, embora seus
noventa minutos de puro pesadelo vão fazer qualquer espectador se
impressionar com o que vê.
"Slasher
dos mais genéricos que usa a temática de Palhaços como mero pano
de fundo para sua falta de ousadia e seus inúmeros defeitos"
Palhaços
Infernais (2016)
Original:
Clowntown
Ano:
2016
País:
Estados
Unidos da América
Diretor:
Tom
Nagel
Roteirista:
Jeff
Miller
Produção:
Christopher
Lawrence Chapman, Jeff Miller, Brian Nagel, Tom Nagel
Elenco:
Brian
Nagel, Lauren Compton, Andrew Staton, Katie Keene, Jeff Denton, Greg
Violand, Maryanne Nagel, Tom Nagel, Kaitlyn Sapp, David Greathouse,
Chris Hahn, Ryan Pilz, Alan Tuskes, Beki Ingram, Christopher Lawrence
Chapman, Thomas A. Nagel.
Com
todo o recente frisson causado por sinistras aparições de palhaços
nos Estados Unidos no ano passado, não demorou para que o cinema se
apropriasse do “fenômeno”,
e utilizasse a ideia como mote para um filme. Palhaços
Infernais,
primeiro
longa do ator Tom Nagel a partir do roteiro de Jeff Miller, usa e
abusa de diversos palhaços como vilões, bem como adota uma
estrutura narrativa similar a vários filmes de horror da década 70
e 80 e ainda presta homenagens a clássicos como Halloween
- A Noite do Terror (1978) e
O
Massacre da Serra Elétrica (1974),
porém falhando no
restante,
ou seja, justamente não criando uma identidade própria, se
transformando
em mais um slasher
semiamador dos mais genéricos.
A
partir de um breve, gratuito, formulaico e dispensável prólogo, que
mostra uma babá (Sapp)
sendo dilacerada após mostrar os seios, e
colocar um sinistro casal de irmãos para dormir, somos apresentados
à trama principal. Nela, somos apresentados a quatro amigos,
estereótipos ambulantes porcamente caracterizados. Brad (Nagel) é o
rapaz certinho e apaixonado, que pretende pedir a mão da namorada em
noivado (sério mesmo??), sua companheira, Sarah (Compton) é a moça
candidata a final
girl que
vai ficar correndo suada em vários momentos do longa. Seu melhor
amigo, Mike (Staton), é o comediante que dá uma de corajoso. E Jill
(Keene) é a namorada de Mike que tem uma ou duas falas antes de
desaparecer misteriosamente. Estas quatro “personagens”
estão indo para um concerto de rock, e parando em uma cidadezinha,
descobrem, com informações obtidas pelo Xerife local, que precisam
passar por pequenas cidades para chegar ao tal show. Quando o celular
de Jill é extraviado, eles descobrem que para ter o aparelho de
volta precisam parar em Clinton para se encontrar com o cara que
achou o celular. Chegando lá, no entanto, os jovens percebem que a
cidade está praticamente deserta, exceto por uma gangue de
psicopatas vestidos de palhaços que parecem se divertir às custas
do medo dos jovens. Ainda há dois personagens secundários que pouco
importam na trama e logo viram bucha de canhão.
Pecando
não apenas pela rasa caracterização, as personagens de Palhaços
Infernais ainda
são interpretadas por um elenco sofrível, que parece estar sempre
declamando suas frases, ou utilizando muletas de interpretação,
como caretas e maneirismos na intenção de passar mais veracidade,
sem sucesso. Além disso, mesmo com a duração enxuta (85 minutos),
o longa se arrasta em cenas repetitivas e uma completa falta de ritmo
que faz o espectador cair no sono com frequência. Para não ser
injusto, há de se destacar o aspecto de Cidade Fantasma da cidade de
Clinton,
que através da fotografia de Ken Stachnik confere um caráter
sobrenatural e macabro que às vezes funciona. Já o design
na maquiagem dos palhaços cai na mesmice, não assustando ou
incomodando justamente pelo fato de os vilões aparecerem a todo
momento, quebrando qualquer chance de mistério. As mortes também
são frequentemente atenuadas, mostrando pouca violência ou gore,
se isto for o que o espectador estiver procurando...
No
entanto, contando ainda com vários dos mesmos expedientes do gênero
(sustos falsos quando algum personagem vai investigar um barulho, a
providencial chegada de um personagem que achávamos
estar morto) e efeitos sonoros risíveis (socos, chutes e golpes soam
falsos ao extremo), Palhaços
Infernais (a
julgar pela quantidade de sobrenomes Nagel nos créditos do filme)
parece ter sido concebido como um experimento de família que deveria
ter ficado restrito ao círculo dos amigos dos realizadores.
A Ilha do Mal (Land of Smiles, EUA/Tailândia/Austria, 2017)
Diretor: Bradley Stryker
Roteirista: Bradley Stryker
Produtorxs: Bradley Stryker, Caitlin Cromwell
Elenco: Alexandra Turshen, Keenan Henson, Caitlin Cromwell, Bradley Stryker, Amie Barsky, Krista Donargo, Brandon Nagle, Leandra Ramm, Kate Stone, Jen Burry, Paul C. Kelly, Charisse Bellante, Luke Ditella.
SINOPSE: Uma jovem mochileira é atraída pelo paraíso do terceiro mundo da Tailândia à procura de sua melhor amiga sequestrada e, sem saber, ela se torna o objeto da obsessão de um sociopata.
Utilizar um país “de terceiro mundo” como locação para um filme de terror não é
novidade no cinema de Hollywood. Basta lembrarmos de “Turistas” que usou as terras tupiniquins como território livre para tráfico de órgãos e assassinatos de americanos. Agora é a vez da infame Tailândia virar chacota dos estadunidenses, que aqui mantêm o hábito de tratar países fora do eixo norte-americano e centro-europeu como terras de ninguém, panos de fundo meramente exóticos e violentos para suas narrativas.
Em “Ilha do Mal”, Abby é uma jovem adulta que, após flagrar seu namorado a traindo, e brigar com sua melhor amiga Penny, decide ir atrás dela na Tailândia, onde logo percebe que sua parceira desapareceu. De repente, ela começa a receber estranhas mensagens e vídeos envolvendo um palhaço que tortura Penny e parece querer propor um perigoso jogo para Abby e seus colegas tailandeses, para que Penny continue viva.
A premissa genérica acima só não é pior que as decisões tomadas ao longo do filme pelas personagens, que parecem levar a sério a convenção que aponta um baixo Q.I. para papeis de filmes do gênero. Aliás, o filme todo é uma falta de propósito ambulante. O elenco é fraquíssimo, quase amador, e tenta de todas as formas possíveis passar uma seriedade que não convence, que em vez disso, acaba aborrecendo o espectador com frequência. A seriedade também é pretendida pelo diretor-roteirista Bradley Stryker quando busca talvez uma significação complexa para a montagem psicodélica durante as várias festas que ocorrem no filme, sem, no entanto, um objetivo aparente na trama. Outra escolha duvidosa da direção foi a opção por um found footage misturado com takes filmados com câmera na mão e outros filmados convencionalmente, denotando clara falta de técnica e de sentido em seu roteiro, que em outras mãos, poderia ousar muito mais, ou até mesmo investir num humor negro que vestiria muito bem a proposta do turismo-macabro-com-palhaços.
Apostando na atual moda dos palhaços assassinos, o roteiro não explora bem o porquê do assassino/stalker se vestir dessa maneira, parecendo apenas querer pegar carona na tendência do momento, e enfiando lá pelo terceiro ato uma rave com várias pessoas vestidas de palhaço, sem, mais uma vez, apresentar qualquer motivação para inserção na trama, enchendo linguiça como poucas vezes vistas.
Curiosamente, se há alguma qualidade no longa-metragem (primeiro dirigido por Stryker, ator com mais de trinta créditos no currículo) é justamente o personagem australiano Dale (interpretado por, vejam só, o próprio Stryker), que traz vida e algum bom humor para o arrastado enredo, demonstrando que alguns artistas talvez devessem se manter apenas em frente às câmeras…
Elenco: Garance Marillier,
Ella Rumpf, Rabah Nait Oufella, Laurent Lucas, Joana Preiss, Bouli Lanners,
Marion Vernoux, Thomas Mustin, Marouan Iddoub, Jean-Louis Sbille, Benjamin
Boutboul, Anna Solomin, Alexis Julemont, Lich Jass, Charlotte Sandersen,
Christophe Menier.
SINOPSE: Na família de Justine (Garance Marillier), todos os integrantes trabalham com a área veterinária e são vegetarianos. No entanto, assim que Justine pisa na escola de veterinária, ela acaba comendo carne. As consequência deste ano logo serão sentidas e chocarão toda a família.
“Teve
um momento no qual pararam de falar sobre o meu filme e começaram a chamá-lo de
'o filme mais sangrento já produzido” diz ela.
“Disseram que era um filme feito para chocar, ou um torture porn, mas
meu filme não está nem mesmo dentro da mesma família do cinema. Eu comecei a
ler manchetes que não faziam o menor sentido. Manchetes dizendo ‘milhares de
pessoas desmaiam nos cinemas’. Me desculpe, mas acho uma besteira. É uma pena
porque algumas pessoas podiam ficar assustadas em ver o filme, quando poderiam
ter aguentado numa boa. E outras pessoas que acabavam esperando por um torture
porn vão acabar se desapontando.”
O
trecho que abre esta crítica faz parte de uma entrevista que Julia Ducournau,
cineasta que literalmente ‘causou’ nos Festivais ano passado, e nem tanto por
ter ganho o prêmio da crítica (FIPRESCI) no Festival de Cannes, mas sobretudo
por ter causado desmaios em uma determinada sessão de seu longa-metragem no
Festival de Toronto em 2016. Embora tal evento tenha soado como uma propaganda
não intencional para que um filme talvez restrito ao circuito de arte atingisse
maior atenção do público médio, por outro lado tira em parte o grande mérito
deste longa ser muito superior a um mero shocker. Então vamos ao filme.
Imagine
você, uma jovem mulher nos seus dezesseis anos, virgem e recatada, com uma mãe
supercontroladora, que decide até mesmo o que vai no seu prato, tendo que
cursar a faculdade que seus pais tomaram como profissão, com uma irmã mais
velha já veterana no mesmo curso, tendo ainda que passar por uma pesada semana
de trote, com professores no seu pé, não tendo nem onde dormir direito, e sendo
obrigada a passar por situações como comer fígado de coelho cru, cortesia dos
veteranos… Pois é, uma barra bastante pesada para alguém que está saindo da
adolescência para enfrentar a vida adulta. E olha que eu nem mencionei
canibalismo…
Grave
(mais conhecido por seu título americano, Raw) é o longa de estreia da
francesa Ducournau, que se distancia de seus compatriotas de gênero, como
Alexandre Aja e Alexandre Bustillo ao investir muito mais em símbolos do que
num gore gratuito, embora fique claro, conforme o filme avança, que
Ducournau se mostra interessada em discutir questões relacionadas ao corpo (na
montagem que faz paralelos com os corpos dos animais, ou na bela cena na qual
Justine conversa com uma enfermeira no ambulatório da faculdade), prestando
reverência explícita ao body horror dos primeiros trabalhos de David
Cronenberg.
Contando
com um mise-en-scène impecável, Ducournau combina com maestria o
formalismo estético de uma câmera estática a um naturalismo extremo, com
destaque para o trabalho de maquiagem hiper-realista (que não esconde nenhuma
mordida, ferida ou arranhão do público) do mago Olivier Afonso, digno de vários
prêmios; aí entrando também as atuações do elenco principal, sobretudo da
protagonista Marillier, que já em seu primeiro longa consegue transmitir todo o
medo e a ansiedade de sua personagem Justine muitas vezes apenas com o olhar.
Olhar este que descobre o mundo através do instinto, sem pudores, da atração
sexual, do apetite voraz, de seu próprio corpo, de seu próprio lado negro.
Funcionando
em vários níveis (do filme de passagem à vida adulta, passando por questões do
que é ser humano) Grave termina com um desfecho elegantemente aterrador,
digno dos melhores exemplares do gênero, provando não só o talento de
Ducournau, como também mostrando que o gênero não deve se privar de cérebros…
Elenco: Joey King, Ryan Phillippe, Ki Hong Lee, Sydney Park, Shannon Purser, Mitchell Slaggert, Elizabeth Röhm, Josephine Langford, Alexander Nunez, Daniela Barbosa, Kevin Hanchard, Sherilyn Fenn, Raegan Revord, Alice Lee, Victor Sutton, Albert Chung.
SINOPSE: Clare Shannon (Joey King) é uma garota de 17 anos que está tentando sobreviver a vida de estudante, até que seu pai (Ryan Phillippe) encontra uma antiga caixa de música e lhe dá de presente. O que a garota vem a descobrir é que a misteriosa caixa pode lhe conceder 7 desejos e com eles ela pode ter a chance de conquistar tudo o que quer. Porém, tudo tem um preço e ela vai aprender da pior maneira. Faça um desejo! Mas cuidado com o que você deseja, as consequências podem ser fatais.
A ideia de um gênio da lâmpada com habilidades místicas capazes de satisfazer três (ou mais) desejos de seu mestre sempre serviu como premissa para varias histórias na literatura, no cinema, nos quadrinhos e na TV, com temáticas que já foram da simples fantasia infantil até suspenses psicológicos e dramas. E Com frequência o gênio material propriamente dito é preterido em função de objetos inanimados, como caixas mágicas, mas a lógica é a mesma: Pede e serás atendido (a). Quando estamos falando de um filme de horror, no entanto, não existe almoço grátis. E é exatamente esse o mote de toda a trama de 7 Desejos, mais novo trabalho de John R. Leonetti (responsável pela fotografia de Invocação do Mal e Sobrenatural, e diretor do medíocre Annabelle), que prova mais uma vez que não há nada de novo nessa temática e que talvez Leonetti deva ficar apenas no comando da cinematografia dos longas nos quais se envolve.
Estrelado pela fofa Joey King (presente no primeiro Invocação do Mal) no papel da adolescente Clare, a trama acompanha – após o costumeiro prólogo que mostra a mãe da garota se suicidando por algum motivo escuso – seu cotidiano. A garota tem recorrentes pesadelos por ter testemunhado a horrenda morte de sua mãe; sofre bullying na escola por ter um pai acumulador de lixo; tem apenas duas amigas; vive numa casa humilde; é apaixonadinha pelo Cara-mais-popular-da-escola, que obviamente não lhe dá a mínima; e por sua vez Clare deixa o chinês Ryan (Hong Lee) caidinho por ela. Aliás, vale mencionar que justamente uma das poucas qualidades do longa é seu elenco multiétnico e naturalidade que insere temas como a homossexualidade em pequenos diálogos do roteiro.
Pois bem, vivendo nesse inferno astral multiplicado pelo fato de ser uma adolescente, Clare vê cair do céu uma chance de mudança quando seu pai encontra uma antiga caixa com escritos chineses, e dá de presente à filha. Ao que parece o artefato permite ao dono as sete solicitações do título brasileiro. Tudo muito bem, tudo muito bom, Clare percebe rapidamente que seu brinquedo, afinal, funciona, não sem cobrar uma retribuição em sangue para cada desejo concedido.
Com o roteiro previsível desde o início, facilmente descobrimos quais personagens irão morrer, em que ordem, e até mesmo de que forma, culpa da falta de criatividade de Marshall (Viral) no roteiro (que emula até mesmo filmes obscuros como Wishcraft – Feitiço Macabro) e de Leonetti na direção, que faz questão de apontar com sua câmera o que vai acontecer na próxima cena do filme, diluindo qualquer tentativa de suspense. Além disso, as poucas inserções de humor dentro da narrativa (que remetem a cinessérie Premonição) são falhas já que a maioria delas está inserta em cenas dramáticas, não permitindo que se aprecie o eventual humor negro oferecido pelo momento, ou que se lamente a morte e o drama das personagens. Além disso, o desastre fica completo com o elenco do filme, que se possui alguma qualidade, esta se perde quando vemos papeis rasos e sem carisma, incluindo até mesmo a protagonista que se revela bipolar (num momento quase beija um personagem para em seguida dizer ameaçadoramente que usará um desejo contra ele) odiosa (pouco se importa se alguém tiver que morrer, contanto que possa manter seus desejos) e extremamente lerda, já que demoram uns quatro desejos para perceber o que se passa a sua volta, o que acaba não ajudando quando percebemos que ainda resta metade da projeção para que o filme termine. Ainda bem que, nesse caso, uma dos defeitos da película ajuda: Assim que as luzes do cinema se acendem, esquecemos o que acabamos de ver.
SINOPSE: Três estudantes universitários se mudam para uma antiga casa e inadvertidamente desencadeiam uma série de eventos com uma entidade sobrenatural conhecida como Bye Bye Man. Os amigos tentam salvar uns aos outros e ao mesmo tempo manter a existência de Bye Bye Man em segredo para salvar outros do mesmo destino mortal.
Curiosamente, The Bye Bye Man fica no meio do caminho ao ser sabotado pela própria ânsia de esconder demais e explicar de menos
Em se tratando de filmes de horror e suspense, alguns dos maiores trunfos que um longa do gênero pode alcançar é manter um determinado clima de mistério, esconder mais do que mostrar, deixar perguntas em aberto no espectador... Aliás, poderíamos até mesmo dizer que tais características fazem parte de grandes nomes do cinema fantástico. Curiosamente, este Nunca Diga seu Nome contém em sua narrativa muitos dos traços acima mencionados. Pena que tal mistério almejado pelo filme se parece mais com uma desculpa para a falta de criatividade.
De estrutura similar a inúmeros filmes que vieram antes dele, o roteiro de Jonathan Penner () nos apresenta a um breve prólogo onde, no ano de 1969, um homem visivelmente transtornado assassina várias pessoas de sua vizinhança, no intuito de não deixar que nenhuma de suas vítimas mencione “o nome que não pode ser dito nem pensado”. Tarefa cumprida, cortamos para o presente, onde Elliot (Smith) se muda com sua namorada, Sasha (Bonas) e seu melhor amigo, John (Laviscount) para uma pequena casa no meio do nada, mas perto de suas faculdades. Após uma providencial descoberta de Elliot em um dos quartos e uma inusitada sessão espírita comandada pela mística Kim (Kanell), coisas estranhas começam a acontecer, como alucinações experimentadas pelas personagens e comportamento agressivo. A causa para tais eventos pode estar relacionada com uma misteriosa lenda responsável por vários assassinatos no passado.
Com uma trama basicamente idêntica a de qualquer filme de horror lançado no
presente ou no passado, The Bye Bye Man tenta inovar nos sustos (bastante eficientes), na quebra de expectativas na cena final, e na suposta mitologia envolvendo o vilão principal, conseguindo em vários momentos alcançar um ritmo bastante fluído, que ajuda a manter o interesse do espectador. No entanto, o excesso de clichês e convenções (o protagonista cético, a policial-padrão que procura nos lugares errados, a pessoa do passado que fornece respostas no momento crítico da trama...) faz com que o filme perca sua identidade e deixe o espectador com uma grande decepção em não receber aquilo que o longa originalmente propôs. Talvez na sequência...
A Terra é o purgatório de Tim Robbins neste pequeno grande clássico do cinema de horror
psicológico
Original: Jacob’s Ladder
Ano: 1990
País: Estados Unidos da América
Diretor: Adrian Lyne
Roteiro: Bruce Joel Rubin
Produção: Alan Marshall, Bruce Joel Rubin
Elenco: Tim Robbins, Elizabeth Peña, Danny Aiello, Macaulay Culkin, Ving Rhames, Eriq La
Salle, Matt Craven, Pruitt Taylor-Vince, Jason Alexander, Patricia Kalember, Brian Tarantina, Brent
Hinkley, Suzanne Sheperd.
A Terra enquanto um literal purgatório. Uma propaganda antiguerra. A vida que
poderia ter
sido, mas não foi. Um pesadelo passando diante dos olhos do espectador. Tudo isso é Alucinações
do Passado, obra injustiçada de Adrian Lyne na época de seu lançamento, e que depois ganhou
status cult, merecendo todas as honrarias possíveis, ainda que póstumas, pois trata-se de uma
pequena obra-prima.
Tim Robbins interpreta Jacob Singer, um homem pacato, simples e gentil, porém cuja vida
passa longe do que pode ser considerado ordinário. Abrimos o filme com uma ágil sequência da
Guerra no Vietnã, onde Jacob serviu como soldado. Logo um descontraído momento entre
companheiros de combate ganha contornos de horror quando um súbito ataque toma de surpresa o
pelotão de Jacob. Mas logo percebemos que tudo não passou de um sonho ruim. Ou será que não?
Assim que acorda de seu pesadelo, o pobre homem se encontra solitário num metrô imundo, com
estações pichadas e com ares de abandono em Nova Iorque, com avisos antidrogas e outros
exaltando a loucura da cidade, aqui vista sob um prisma nada glamoroso. Pessoas comuns que ele
encontra no último trem da noite ganham facetas sombrio-demoníacas, já dando indícios de que
nada é realmente o que parece ser nesse filme. Perturbado pelos traumas da guerra, pela morte de
seu filho caçula (Culkin), por seu divórcio, e encontrando conforto apenas no romance intenso com
Jezebel (Peña), Jacob enfrenta uma descida cada vez mais rápida ao inferno, já que suas alucinações
parecem se tornar cada vez mais reais e ameaçadoras.
Dominado por um tom melancólico e de tragédia, auxiliado nesse sentido pela bela trilha de
Maurice Jarre, o longa parece passear por vários significados, dificultando a compreensão do
espectador em vários momentos. Não sabemos se Jacob sofre de esquizofrenia, se está tendo um
pesadelo muito longo, se está tendo uma bad trip causada por alucinógenos, ou se tudo que o
personagem vê é mesmo real. Nem mesmo os sonhos do protagonista escapam de uma interpretação
dúbia.
Lyne, conhecido por seus filmes envolvendo uma alta carga sexual (9 e ½ Semanas de
Amor, Infidelidade, Atração Fatal), aqui não deixa de incluir o sexo e a nudez também, mas com
uma diferente interpretação. No longa o erotismo assume um caráter efetivo de luxúria, de pecado,
do proibido. Aliás, aí chegamos num ponto importante. Independentemente da interpretação que se
dê ao filme, algo que transforma Alucinações do Passado em mais do que um simples thriller
psicológico é justamente o elegante caráter alegórico de tudo pelo que Jacob passa durante o filme.
Como se estivesse vivendo num genuíno local de transição entre o céu e o inferno, Jacob enfrenta
os demônios literais de suas visões enquanto conta com figuras que representam verdadeiros anjos
em sua vida, destacando-se o amável quiroprata vivido por Danny Aiello e a cena em que o médico
tem uma conversa justamente sobre o assunto com Jacob, naquela que considero uma das melhores
cenas do filme.
Influente em seu conceito, que inspirou até mesmo a franquia de jogos Silent Hill,
Alucinações é mais um desses pequenos grandes filmes que o infernauta não pode deixar de
conferir, ainda mais com um remake já anunciado...
Produtores: Gary Binkow, Jude S. Walko, Brad Miska
Elenco: Chase Williamson,
Hannah Fierman, Justin Welborn, Hayes Mercure, Michael Aaron Milligan, Brittany
Hall, Randy McDowell, Lindsey Garrett, Stephen Caudill, Ava Atwood, Patrick
Wood, Angel Jager, Blair Redford.
SINOPSE: Uma despedida de solteiro se torna um pesadelo quando o noivo Jonah liberta o que parece ser uma garota inocente presa em uma boate. O implacável captor e proprietário da boate fará de tudo para recapturar seu troféu. Jonah se esforça para resgatar a garota, apenas para descobrir que é ele quem precisa de resgate, pois a garota é, na verdade, um perigoso predador descrito em fábulas, que o vê como um prêmio. Baseado no segmento "Amateur Night" do filme "V/H/S".
"Nenhum homem consegue resistir a ela. Todos deveriam..."
Algumas
coisas funcionam melhor no formato de curta metragem. Foi assim com V/H/S(2012), uma esperta empreitada independente, que além de servir como vitrine
para jovens cineastas do gênero horror, ainda se valeu de uma apresentação
facilmente consumível pelo espectador médio. A antologia, que já conta com duas
sequências, apresentava contos de horror de curta duração com algum fio
condutor em comum, apenas para ligar as histórias. Entre péssimos e bons
segmentos, no primeiro filme claramente um se destacava. Amateur Night,
a primeira fita do longa se beneficiava de um ritmo ágil e do frenesi de uma
câmera vacilante aliado ao arrepiante desfecho para atingir em cheio o
espectador. Não demorou para que a ideia de um longa-metragem baseado no curta
viesse à tona, e o resultado é este bom Sereia Predadora.
Na
trama Jonah (Williamson) é um homem bem noivado com Eva (Garrett). Quando parte
para sua despedida de solteiro, o comportado noivo é levado para o mal caminho
por seu irmão Mac (Milligan) junto com mais dois amigos, quando surge um
misterioso convite para um clube secreto pra lá de esquisito, onde, é claro,
coisa boa não vai acontecer. Chegando no tal lugar, Jonah encontra Lily
(Fierman) busca libertá-la, acreditando que a “moça” estava no local.
Feito
de tantos erros quanto acertos, o longa dirigido por Gregg Bishop (V/H/S
Viral), tenta expandir a mitologia sugerida no curta original ao criar
elementos como a natureza sexual do relacionamento de Lily com suas vítimas,
mas acaba perdendo tempo demais criando interação entre as vítimas os
amigos, e lançando um sem-número de tramas paralelas com pouco objetivo na
trama principal, inclusive gerando um efeito colateral de sentimento de empatia
com aquela que seria a vilã do filme. Além disso, o alívio cômico representado
pela figura do personagem Mac soa artificial e não funciona, aborrecendo com
frequência.
Por
outro lado, o roteiro cheio de situações nunca deixa o longa cair no tédio, que
com duração enxuta mantem o interesse do espectador, criando ainda boas
sequências de tensão, como quando os amigos entram na boate underground,
ou durante a fuga de Lily. O design da criatura, fiel ao estilo original,
continua perturbador e capaz de gerar bons pesadelos. E até mesmo o elenco, que
é bastante ruim aqui, acaba funcionando justamente por remeter a uma estética e
um jeitão de filme B, que lembra em alguns momentos filmes como Olhos
Famintos, e que funciona muito bem, sobretudo no arrepiante e ominoso
desfecho. Não é um novo clássico, mas é um horror puro sangue.
Roteiro:
William Eubank, Carlyle Eubank, David Frigerio
Produtores:
Tyler Davidson, Brian
Kavanaugh-Jones, Lia Buman
Elenco:
Brenton Thwaites, Olivia Cooke,
Beau Knapp, Laurence Fishburne, Lin Shaye, Jeffrey Grover, Patrick
Davidson, Roy Kenny, Robert Longstreet, Drew Sykes.
Nic
(Thwaites) e Jonah (Knapp) são dois jovens estudantes e melhores
amigos, que manjam muito de computação e programação, e que por
algum motivo são contatados por um hacker que se mostra um
verdadeiro gênio da informática (e se autodenomina como Nomad).
Dispostos a localizar o tal computeiro, eles partem numa viagem de
carro até o estado do Nevada, acompanhados por Haley (Cooke),
namorada de Nic. Ainda há espaço nesse início de trama para uma
crise no relacionamente dos namorados, motivada em parte pela
deficiência física de Nic e os planos dos jovens para seus futuros.
Quando chegam no tal lugar, os jovens percebem uma área sem
iluminação e com apenas uma velha casa aparentando abandono, que é
de onde o sinal foi identificado. De repente, Nic acorda num local
incerto e começa a ser interrogado por Damon (Fishburne), um sujeito
misterioso vestido com uniforme anti-contaminação. O elenco ainda
conta com uma subaproveitada Lin Shaye.
O
parágrafo anterior tratou apenas dos primeiros vinte minutos do
filme. Isto porque a direção de Eubank, inquieta, parece mudar de
rumo a cada quinze minutos, não permitindo dessa maneira que o
espectador consiga imergir completamente numa das várias linhas
narrativas propostas pelo longa. Num momento, ficamos preocupados com
a dificuldade de locomoção de Nic, mas isso parece não importar de
fato, depois o foco muda para o relacionamento com sua namorada, mais
tarde, depois queremos saber quem é o tal hacker e o que o mesmo
deseja, em outra hora, a trama muda o foco para instalações
militares secretas nos EUA, e em outro momento ainda, alienígenas
ameaçam entrar na jogada. Ou seja, se os primeiros vinte minutos (e
até o suspense que evoca a instalação secreta onde Nic se
encontra) são bastante intrigantes, em outro instante se transforma
num amontoado de ideias confuso e, aparentemente sem propósito de
uma mente criativa, mas desorganizada. Ainda assim, é admirável que
um universo aparentemente tão rico seja criado, além do bom
primeiro ato.
No
entanto, contando com um desfecho obscuro e sem explicações, O
Sinal é mais um desses filmes que valem mais pela curiosidade do
que propriamente sua qualidade, entretendo o espectador muito mais
nas hipóteses e mistérios que lança durante sua projeção do que
por sua confusa conclusão.
Demônio de Neon (Neon Demon, EUA/Dinamarca/França, 2016)
Direção: Nicolas Winding Refn
Roteiro: Nicolas Winding Refn, Mary Laws, Polly Stenham
Produção:
Lene Børglum, Sidonie Dumas, Vincent Maraval
Elenco: Elle Fanning, Karl Glusman, Jena Malone, Bella
Heathcote, Abbey Lee, Desmond Harrington, Christina Hendricks, Keanu Reeves,
Charles Baker, Stacey Danger, Jamie Clayton, Rebecca Dayan, Rachel Dik.
Fazer
comparações com os trabalhos anteriores de Nicolas Winding Refn é inevitável
quando assistimos a Demônio de Neon, mais recente longa do cineasta
dinamarquês conhecido por sua direção virtuosa, que lhe rendeu a Palma de Ouro
no Festival de Cannes de 2011, pelo filme Drive.
Demônio de Neon apresenta um roteiro (escrito à seis
mãos) simples e rapidamente identificável. Nele, somos apresentados a Jesse (Fanning)
uma adolescente de beleza única, que aporta em Los Angeles vindo sabe-se lá de
onde, e rapidamente chama a atenção de figurões da indústria da moda, fazendo
com que ela obtenha rapidamente uma escalada ao sucesso das modelos, e junto
com isso também desperte a inveja de outras beldades (Heathcote e Lee), bem
como outros tipos de interesse na maquiadora Ruby (Malone). Pronto. É isso. Se
o espectador provavelmente já viu algum filme ou produto audiovisual com uma
trama parecida com a descrita acima, não é a novidade narrativa que traz algum
frescor a Demônio de Neon, mas sim o estilo do diretor Refn, que faz com
que uma historinha simples e manjada (a exemplo de Drive, vale lembrar)
ganhe um novo valor quando transposta para a linguagem audiovisual. Aqui não é
diferente. Visualmente deslumbrante, seu novo longa parece ter sido concebido
para ter cada um de seus planos emoldurado e exibido em uma galeria de arte,
tamanha perfeição da mise en scène construída pelo diretor. Reparem, por
exemplo, na cena em que Jesse encerra um desfile como destaque da coleção, e o
jogo de cores (vermelho/azul) e formas, é responsável por criar um ponto de
virada decisivo para a personagem. Aliás, assim como naquele filme de 2011,
novamente Cliff Martinez retorna como compositor e faz mais uma vez uma trilha
sonora impactante, repleta de arranjos eletrônicos.
Porém
aqui alguns problemas saltam aos olhos. Ignorando qualquer interesse sobre suas
personagens, o filme se limita a delineá-las de maneira rasa, unidimensional,
sem qualquer subtexto, aliás, criando a impressão de que as atrizes e atores do
filme não passam de objetos de cena, não criando identificação alguma com o
espectador. O filme ainda é cheio de cenas que, enquanto metáfora ou alegoria,
falham ao exercer algum sentido na trama, como aquela que mostra uma onça
dentro do quarto de Jesse. Outras dessas cenas soam apenas de mau gosto, como
aquelas que envolvem abuso sexual e necrofilia.
E
já que não há como analisar de maneira profunda o trabalho do elenco do filme,
resta avaliar alguma possível intenção de crítica que o longa possa oferecer. E
nisso a meu ver Demônio de Neon também fica devendo. Parecendo em
diversos momentos criticar a indústria da moda, da fama, e da beleza
superficial, o filme acaba sendo vítima do próprio discurso que tenta veicular.
Afinal, basta ver, entre outros aspectos, que Refn alimenta o próprio ego ao
colocar nos créditos iniciais suas próprias iniciais, como se afirmasse: Ei,
este é um produto da grife N.W.R. Ao que parece, a autoindulgência faz mais uma
vítima.