terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Christine, O Carro Assassino


Christine - O Carro Assassino (Christine, EUA, 1983)
Direção: John Carpenter
Elenco: Keith Gordon (Arnie Cunningham), Alexandra Paul (Leigh Cabot), John Stockwell (Dennis Guilder), Robert Prosky (Will Darnell), Harry Dean Stanton (Detetive Rudolph Junkins), Christine Belford (Regina Cunningham), Roberts Blossom (George LeBay), William Ostrander (Buddy Repperton), David Spielberg (Sr. Casey), Malcolm Danare (Moochie Wells), Steven Tash (Rich Cholony).
SINOPSE: No High School Arnie é um jovem excluído e de poucos amigos, tudo isso muda quando ele 'se apaixona' por Christine, um carro Plymouth Fury vermelho caindo aos pedaços. Se comprometendo a consertar o carro, seu melhor amigo nota que não é só o carro que está mudando. Ele começa a ficar cada vez mais obcecado com o carro e muda seu comportamento para um tom arrogante que cada vez mais se distancia do Arnie original.


“Corpo de Plymouth. Alma de Satã”



Christine foi o primeiro livro de Stephen King que li, aos 12 anos. E posso dizer que a experiência foi incrível. O universo adolescente dos anos 70/80, as canções de rock que embalavam cada capítulo e toda a fantasia e mistério que cercavam o carro Plymouth Fury 1958 vermelho, ou Christine. Como se tornou hábito no cinema, não tardou para que o romance fosse adaptado para as telonas, já de olho no sucesso financeiro que filmes como Carrie – A Estranha e O Iluminado tiveram. Infelizmente, o filme acabou não tendo uma recepção calorosa pela crítica e continua sendo considerado como um dos trabalhos menores do diretor John Carpenter.

O filme gira em torno do jovem, tímido e excluído Arnie Cunningham (Gordon), que encontra no melhor amigo Dennis Guilder (Stockwell) um ouvinte e protetor nos momentos de bullying. Um dia ele encontra um velho carro, Christine, na garagem da casa do velho George LeBay (Blossom) e se encanta profundamente, encanto que vira obsessão conforme o filme avança, já que Christine é uma garota ciumenta e não vai deixar que nada atrapalhe a relação dela com Arnie, nem mesmo sua namorada Leigh Cabot (Paul) ou o valentão Buddy Repperton (Ostrander).

Um argumento que poderia cair facilmente no riso e no trash vira suspense de primeira no livro de King e rende um bom programa sob a batuta do mestre Carpenter, ainda que notadamente a trama inverta algumas passagens (por sinal, bem tensas) do livro, como a ideia de que o espírito de Roland LeBay, proprietário anterior do carro, representasse um papel importante dentro da ‘maldição’ de Christine; além do final também diferente e que se mostra extremamente corrido e óbvio, e a atuação visivelmente canastrona de Keith Gordon. Entretanto, estes são defeitos menores para um dos clássicos do Cinema em Casa que certamente agradará aos fãs do gênero.



Curiosidades:
  • O filme que passa no drive-in é Até que enfim é Sexta-Feira;
  • O papel foi oferecido a Kevin Bacon, mas ele recusou e foi fazer Footloose;
  • De acordo com o roterista Bill Philips no DVD de extras do filme, a trama não continha tanta violência que justificasse a classificação R (16 ou 18 anos no Brasil). Mas ele tinha medo que se fosse lançado com o selo PG (10 ou 12 anos no Brasil), ninguém fosse assisti-lo. Então inclui forçadamente a palavra fuck e derivados no roteiro de modo a obrigatoriamente conseguir ser lançado rated R. Ele comenta que foi muito criticado na época por inserir a palavra.

 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A Última Casa da Rua


A Última Casa da Rua (House at the End of the Street, EUA, 2012)
Direção: Mark Tonderai
Elenco: Elisabeth Shue (Sarah), Jennifer Lawrence (Elissa), Max Thieriot (Ryan), Gil Bellows (Weaver), Nolan Gerard Funk (Tyler), Eva Link (Carrie Anne), Allie Macdonald (Jillian), Jordan Hayes (Penn State Carrie Anne), Krista Brudges (Mary Jacobson), James Thomas (Ben Reynolds), Haille Sisera (Caitlin), Craig Eldridge (Dan Gifford), Jonathan Higgins (Dr. Kohler), Olivier Surprenant (Jake), Lori Alter (Jenny Gifford).
SINOPSE: Mãe e filha se mudam para uma nova cidade e se encontram vivendo próximas a uma velha casa aonde uma garota matou seus pais. Quando a filha resolve se aproximar do filho sobrevivente, ela descobre que a história está longe do fim.

CONTÉM SPOILERS



Há um mal que assola o gênero thriller de mistério no século XXI. Os mistérios frouxos que são revelados em uma reviravolta patética no final. Basta verificar em filmes fracos como O Amigo Oculto e Aterrorizada para perceber a presença desse moderno clichê que parece servir de engodo às histórias sem conteúdo ou originalidade. Ao ler a sinopse de A Última Casa da Rua e acompanhar sua sequência inicial, já esperava por algo similar, mas por um momento o filme conseguiu que eu acreditasse que estava vendo algo superior. Apenas por um momento.

O filme, como de costume, nos apresenta logo de cara a uma cena de flashback. Uma garota visivelmente perturbada mata cruelmente seu pai e sua mãe sem motivo aparente. Já  no presente, Elissa (Jennifer Lawrence) e sua mãe Sarah (Elisabeth Shue) se mudam para uma remota região circulada por mata. Perto dali existe uma casa que descobrimos ser o local do homicídio mostrado no início do filme, ocorrido anos antes. O filho do casal morto, Ryan (Max Thieriot) parece morar sozinho na antiga casa e logo Elissa faz amizade com ele, mas descobre que ele pode guardar um segredo muito macabro.

O filme começa bem ao utilizar a óbvia, porém eficiente estratégia de colocar as protagonistas em um local ermo e cercado de floresta, o que contribui para estabelecer o clima opressor do local. Além disso, o primeiro ato do filme caminha em ritmo lento, mas interessante por permitir a criação de uma boa dinâmica entre os personagens. O primeiro ‘mistério’ nos é revelado com menos da metade da projeção, o que me fez acreditar que o desfecho da trama seria o oposto daquilo que esperava inicialmente. No fim do segundo ato, o filme conseguiu me prender justamente pelo carisma e atuações de Jennifer Lawrence e Max Thieriot, mas não demorou para que nos minutos finais a trama se revelasse como uma colagem de clichês com um plot twist bobo e inverossímil no final. Para ter uma ideia do desastre, após Ryan ser alvejado por Elissa, ele cai aparentemente morto e Elissa vai verificar. Nesse momento no cinema, uma garota de uns 12 ou 13 anos, acompanhada pela mãe, e que estava sentada na poltrona à minha frente, comentou que Ryan iria subitamente se levantar, assustando a mocinha e a plateia.  Esse clichê pode ter funcionado com Elissa, mas com o público não funcionou.



Curiosidades:
  • O filme foi feito no formato 2-perf Technicoscope para garantir ao filme uma imagem granulada típica dos filmes de terror antigos e economizar dinheiro. Apesar disso, "Filmado em Panavision" é mostrado nos créditos;
  • O filme foi originalmente previsto para 2003, com Richard Kelly (Donnie Darko) escrevendo o roteiro.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O Grito

O Grito (The Grudge, EUA/Japão, 2004)
Direção: Takashi Shimizu
Elenco: Sarah Michelle Gellar (Karen), Jason Behr (Doug), Grace Zabriskie (Emma), Clea Duvall (Jennifer), William Mapother (Matthew), Bill Pullman (Peter), KaDee Strickland (Susan), Rosa Blasi (Maria), Ted Raimi (Alex), Ryo Ishibashi (Nakagawa), Yoko Maki (Yoko), Yuya Ozeki (Toshio), Takako Fuji (Kayako), Hiroshi Matsunaga (Igarashi)
SINOPSE: O filme gira em torno de Karen, uma assistente social que, depois de visitar uma estranha casa amaldiçoada após assassinatos ocorridos em um momento de terror, vê sua vida virar de cabeça pra baixo. Ela tenta resolver o mistério por trás da maldição, que cresce e se altera de acordo com suas vítimas. É uma cadeia de horror que não perdoa ninguém.



"Ela nunca perdoa, ela nunca esquece"



Pegando carona na onda de adaptações de filmes de horror orientais ocorrida no início dos anos 2000, Sam Raimi (que já esboçava neste filme uma volta ao gênero que o consagrou) foi até o Japão para buscar o diretor Takashi Shimizu para dirigir uma versão estadunidense de sua série clássica Ju-On. Escolha de certa forma acertada, já que com apenas parte do elenco e produtores americanos, toda a equipe com a qual Shimizu vinha trabalhando se manteve com ele e produziu pouquíssimas mudanças em relação ao enredo original. Entretanto, se a produção acerta em alguns pontos, erra feio em outros.

A trama gira em torno de uma família americana que se muda para uma casa no Japão que foi cenário de um brutal crime três anos atrás. Nele, um homem mata sua esposa Kayako e seu filho Toshio. Seguindo uma tradição nipônica, quando alguém morre tomado de um grande ódio, uma maldição é criada no local da morte. E todo aquele que confrontar a maldição será também vítima dela. Azar da família, que vê todos os seus membros empacotarem ao longo da trama. Azar também da assistente social Karen (Sarah Michelle Gellar) que fica incumbida de tomar conta de uma senhora pertencente à família citada (Grace Zabriskie) após a assistente anterior Yoko (Maki) desaparecer, e que logo testemunhará os mistérios sombrios da casa.

Apesar de necessitar constantemente de um tradutor para se comunicar com os atores, o diretor Shimizu consegue se virar bem e criar um bom clima de tensão quase ininterrupta, contribuindo para isso a trilha sonora do sempre eficiente Christopher Young (Hellraiser, A Entidade, Arraste-me Para o Inferno, O Exorcismo de Emily Rose,  O Mistério das Duas Irmãs), sustos bastante eficientes (com destaque para a sequência que começa nas escadarias de um prédio e termina em um apartamento) e as atuações mais contidas de todo o elenco, com destaque para Ryo Ishibashi, que transmite ao seu personagem, o detetive Nakagawa, a seriedade e a verossimilhança necessária, já que não se mostra em nenhum momento descrente tendo em vista os fatos ocorridos anteriormente na casa, e age muito sutilmente em algumas cenas (repare quando ele está assistindo à fita de segurança e se sente extremamente intrigado e olha para trás, como geralmente fazemos em momentos de medo). No entanto, se a narrativa nada coesa do filme contribui para os sustos já citados, ela prejudica imensamente a compreensão da história, e mais ainda a identificação com os personagens, já que basta uma cena para eles deixarem o filme (com exceção de Karen, seu namorado e o detetive). Aliás, é pertinente perguntar algumas questões sobre as mortes: Por que alguns vivem mais (o filme todo praticamente) enquanto para outros basta entrar na casa para baterem as botas? Por que a personagem de Yoko tem sua mandíbula arrancada, já que aparentemente os outros personagens morreram de choque ou ataque? Por que o fantasma de Toshio aparece de maneira amigável para Karen e por que esta consegue sobreviver por tanto tempo? Por que o personagem de Ted Raimi (irmão de Sam e gente fina, mas que sempre faz apenas pontas em vários filmes) desaparece ao se confrontar com Yoko? E por que é necessário que Susan (Strickland) abra a porta de seu apartamento para que seja atacada pela maldição? Perguntas sem respostas que refletem os vários furos existentes na até interessante narrativa, mas que visivelmente careceu de maior substância. 

Curiosidades: 
  • O som que se ouve quando o fantasma de Kayako ataca é o som de quando o pescoço é quebrado; sem poder respirar ou engolir, o som é parecido com o mostrado no filme;
  • Antes do ínicio das filmagens, elenco e equipe de produção estiveram presentes em uma cerimônia para abençoa-los que nada de mal os acontecesse durante o filme.
 

 
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