sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O Grito

O Grito (The Grudge, EUA/Japão, 2004)
Direção: Takashi Shimizu
Elenco: Sarah Michelle Gellar (Karen), Jason Behr (Doug), Grace Zabriskie (Emma), Clea Duvall (Jennifer), William Mapother (Matthew), Bill Pullman (Peter), KaDee Strickland (Susan), Rosa Blasi (Maria), Ted Raimi (Alex), Ryo Ishibashi (Nakagawa), Yoko Maki (Yoko), Yuya Ozeki (Toshio), Takako Fuji (Kayako), Hiroshi Matsunaga (Igarashi)
SINOPSE: O filme gira em torno de Karen, uma assistente social que, depois de visitar uma estranha casa amaldiçoada após assassinatos ocorridos em um momento de terror, vê sua vida virar de cabeça pra baixo. Ela tenta resolver o mistério por trás da maldição, que cresce e se altera de acordo com suas vítimas. É uma cadeia de horror que não perdoa ninguém.



"Ela nunca perdoa, ela nunca esquece"



Pegando carona na onda de adaptações de filmes de horror orientais ocorrida no início dos anos 2000, Sam Raimi (que já esboçava neste filme uma volta ao gênero que o consagrou) foi até o Japão para buscar o diretor Takashi Shimizu para dirigir uma versão estadunidense de sua série clássica Ju-On. Escolha de certa forma acertada, já que com apenas parte do elenco e produtores americanos, toda a equipe com a qual Shimizu vinha trabalhando se manteve com ele e produziu pouquíssimas mudanças em relação ao enredo original. Entretanto, se a produção acerta em alguns pontos, erra feio em outros.

A trama gira em torno de uma família americana que se muda para uma casa no Japão que foi cenário de um brutal crime três anos atrás. Nele, um homem mata sua esposa Kayako e seu filho Toshio. Seguindo uma tradição nipônica, quando alguém morre tomado de um grande ódio, uma maldição é criada no local da morte. E todo aquele que confrontar a maldição será também vítima dela. Azar da família, que vê todos os seus membros empacotarem ao longo da trama. Azar também da assistente social Karen (Sarah Michelle Gellar) que fica incumbida de tomar conta de uma senhora pertencente à família citada (Grace Zabriskie) após a assistente anterior Yoko (Maki) desaparecer, e que logo testemunhará os mistérios sombrios da casa.

Apesar de necessitar constantemente de um tradutor para se comunicar com os atores, o diretor Shimizu consegue se virar bem e criar um bom clima de tensão quase ininterrupta, contribuindo para isso a trilha sonora do sempre eficiente Christopher Young (Hellraiser, A Entidade, Arraste-me Para o Inferno, O Exorcismo de Emily Rose,  O Mistério das Duas Irmãs), sustos bastante eficientes (com destaque para a sequência que começa nas escadarias de um prédio e termina em um apartamento) e as atuações mais contidas de todo o elenco, com destaque para Ryo Ishibashi, que transmite ao seu personagem, o detetive Nakagawa, a seriedade e a verossimilhança necessária, já que não se mostra em nenhum momento descrente tendo em vista os fatos ocorridos anteriormente na casa, e age muito sutilmente em algumas cenas (repare quando ele está assistindo à fita de segurança e se sente extremamente intrigado e olha para trás, como geralmente fazemos em momentos de medo). No entanto, se a narrativa nada coesa do filme contribui para os sustos já citados, ela prejudica imensamente a compreensão da história, e mais ainda a identificação com os personagens, já que basta uma cena para eles deixarem o filme (com exceção de Karen, seu namorado e o detetive). Aliás, é pertinente perguntar algumas questões sobre as mortes: Por que alguns vivem mais (o filme todo praticamente) enquanto para outros basta entrar na casa para baterem as botas? Por que a personagem de Yoko tem sua mandíbula arrancada, já que aparentemente os outros personagens morreram de choque ou ataque? Por que o fantasma de Toshio aparece de maneira amigável para Karen e por que esta consegue sobreviver por tanto tempo? Por que o personagem de Ted Raimi (irmão de Sam e gente fina, mas que sempre faz apenas pontas em vários filmes) desaparece ao se confrontar com Yoko? E por que é necessário que Susan (Strickland) abra a porta de seu apartamento para que seja atacada pela maldição? Perguntas sem respostas que refletem os vários furos existentes na até interessante narrativa, mas que visivelmente careceu de maior substância. 

Curiosidades: 
  • O som que se ouve quando o fantasma de Kayako ataca é o som de quando o pescoço é quebrado; sem poder respirar ou engolir, o som é parecido com o mostrado no filme;
  • Antes do ínicio das filmagens, elenco e equipe de produção estiveram presentes em uma cerimônia para abençoa-los que nada de mal os acontecesse durante o filme.
 

 

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