domingo, 21 de abril de 2013

Matadouro

Matadouro (Brasil, 2012)
Direção: Carlos Junior
Elenco: Fabiola Antico, Daisy Cris, Bruno Diego, Carlos Junior, Robson Mosquim, Juliano Pires, Kauane Santos, Mylena Vendramini.
SINOPSE: Cinco Jovens, com o único objetivo de voltar para casa, param com o carro na estrada por um motivo banal e, um a um, desaparecem, alguns sem deixar rastro, outros, deixando um traço de sangue que os leva a procurar os amigos, levando-os ao meio do nada, caindo nas mãos de um maníaco que tem como único objetivo, torturá-los, mata-los e se divertir um pouco com seu sofrimento. A câmera que eles carregam na viagem registra tudo. Do início, ao fim





"Comece a gritar... Você está sendo filmado"





José Mojica Marins, nosso maior expoente (e até bem pouco tempo atrás, o único) no gênero horror no país, estava certo quando dizia que no tempo dele o horror não só era famigerado (como aliás, até hoje continua sendo, apesar de seu apelo popular), como devido à censura e à ditadura, tudo era muito mais difícil. (Isso sem falar nas necessidades mais técnicas para se fazer um filme de qualquer gênero, ainda mais de horror). Com o rápido avanço da tecnologia, hoje em dia é possível, mesmo com pouca grana, investir em uma história e filmar seu próprio filme, e acredito que mesmo com pouco conhecimento, o essencial, mesmo, é ter paixão, tesão, ser devotado ao cinema, pois o restante dá-se um jeito. E paixão e comprometimento é o que não faltam na equipe responsável por Matadouro, longa nacional que bebe na fonte do gênero found footage, e referencia vários sucessos de horror. Infelizmente, no entanto, Matadouro  acaba não entregando um produto final que vá de diferente em relação ao que já vimos dentro do gênero. O longa acompanha a jornada de cinco amigos que viajam de carro e acabam parando em uma acostamento de rodovia, desaparecendo um a um. 

Ainda que contenha diversas referências inteligentes, como a canção do CCR, “Bad Moon Rising” contida no clássico Um Lobisomem Americano em Londres e a famosa cena do martelo de O Massacre da Serra Elétrica, e também apresente uma crueza que confere verossimilhança nas filmagens dos amigos e no diálogo prosaico entre eles, além de pelo menos uma cena corajosa (que não revelo) próxima ao final do filme, o roteiro de Carlos Junior não consegue apresentar nada de muito novo, já que o formato found footage, ainda que o ideal para cineastas com pouca grana, já está extremamente desgastado e saturado de filmes bons e ruins. Além disso, por mais realismo que as filmagens evoquem, não há justificativa para a completa escuridão e o problemático som, já que há um momento em que não se consegue nem se ver, nem se ouvir nada com clareza, o que em vez de causar desespero, causa uma desagradável sensação de confusão, que joga imediatamente o espectador fora da trama. Finalmente, sobre as atuações, todos vão bem, com destaque para o vilão interpretado por Bruno Diego, que confere, ainda que durante os poucos minutos que tem em cena, a insanidade necessária ao seu personagem. Entretanto, com mais erros do que acertos, Matadouro é mais um dos horrores nacionais da era digital que fica no meio do caminho.


 

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