O Convite (The Invitation, EUA,
2015)
Diretora: Karyn Kusama
Roteiro: Phil
Hay e Matt Manfredi
Elenco:
Logan Marshall-Green (Will), Emayatzy Corinealdi (Kira), Aiden
Lovekamp (Ty), Michelle Krusiec (Gina), Mike Doyle (Tommy), Tammy
Blanchard (Eden), Jordi Vilasuso (Miguel), Jay Larson (Ben), Marieh
Delfino (Claire), Michiel Huisman (David), Lindsay Burdge (Sadie),
John Carroll Lynch (Pruitt), Toby Huss (Dr. Joseph), Danielle
Camastra (Annie), Karl Yune (Choi).
SINOPSE: Dois
anos após uma terrível tragédia pessoal, um homem aceita
relutantemente o convite de sua ex-mulher e seu novo marido para um
intimista jantar com alguns amigos em comum e outros desconhecidos.
Ele desconfia, no entanto, que algo muito sinistro paira no ar.
“Não há
nada o que temer”
Criar um bom
e bem sucedido suspense é um desafio e tanto no cinema
contemporâneo. Deve haver cuidado na construção da atmosfera. O
mistério não deve ser simplista demais nem muito desafiador. O
roteiro deve ser bem amarrado. Enfim, uma tarefa árdua para qualquer
cineasta. Não por acaso que Alfred Hitchcock continua sendo sempre
lembrado como o mestre do gênero, suas maiores obras datando dos
anos cinquenta e sessenta. Dessa maneira, foi com grata surpresa que
fui conferir O Convite, o mais novo longa de Karyn Kusama
(Garota Infernal) que, apesar de previsível aqui e ali, é
capaz de entregar uma obra capaz de funcionar em diversos níveis.
Permeado por tons
de vermelho, que aqui ganha um caráter permanentemente ominoso, o
longa segue o drama de Will (Marshall-Green), um homem traumatizado
pelo passado. Após dois anos sem ver a antiga esposa Eden
(Blanchard) - igualmente fragilizada pelo trauma em comum, ele e sua
nova namorada (Corinealdi) recebem um estranho convite justamente de
Eden e de seu novo marido para um jantar na antiga casa onde o casal
vivera. Juntam-se ao quarteto alguns amigos em comum do casal, e mais
dois esquisitos membros de um grupo de autoajuda para pessoas com
culpa. Tendo que lidar com o forte peso do passado na casa onde sua
tragédia pessoal ocorreu, Will ainda une à dor das lembranças uma
sinistra desconfiança acerca de Eden e do inusitado jantar.
Desconfiança essa que é partilhada pelo espectador. Aliás,
Marshall-Green é o grande destaque do elenco. Ganhando
inevitavelmente o posto de protagonista do suspense, o ator confere
peso ao seu personagem, gerando grande empatia do espectador que
acaba sendo essencial para que o longa funcione bem, já que, para
todos os efeitos, vemos e interpretamos o que se passa na tela
através do olhar de Will.
Entretanto, nem
tudo são flores. Em determinados instantes, o roteiro parece carecer
de substância, recorrendo sem sucesso a certas obviedades, como a
inclusão, ainda que necessária para o plot, do personagem
Choi, que entra e sai de cena sem ninguém perceber. As cenas de
gato-e-rato próximas ao desfecho também ganham um ar genérico que
quase esfria o clima construído anteriormente. Por outro lado, o
longa é meritoso ao incluir, por exemplo, um casal gay de maneira
orgânica e ao manter o interesse constante mesmo o espectador
facilmente adivinhando o que o longa acaba entregando.
Com uma cena final
elegante e digna de um grande terror, O Convite é um thriller
empolgante e tenso, ainda que não consiga manter o mesmo fôlego
durante toda sua duração.
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