domingo, 25 de dezembro de 2016

Águas Rasas (2016)

Águas Rasas (The Shallows, EUA/Austrália, 2016)
Diretor: Jaume Collet-Serra
Roteiro: Anthony Jaswinski
Elenco: Blake Lively (Nancy), Óscar Jaenada (Carlos), Angelo Josue Lozano Corzo (Surfista 1), Jose Manuel Trujillo Salas (Surfista 2), Brett Cullen (Pai), Sedona Legge (Chloe), Diego Espejel (Homem bêbado), Pablo Calva (Menino), Ava Dean (Nancy jovem), Janelle Bailey (Mãe).
SINOPSE: Nancy é uma jovem que, em busca de um tempo sozinha, visita a praia favorita de sua mãe já falecida. No entanto, ela agora deve lutar por sua sobrevivência após ser mordida por um furioso tubarão em alto mar.







Há várias coisas a serem ditas sobre Águas Rasas, o mais novo esforço do cineasta Jaume Collet-Serra (A Casa de Cera, A Orfã), que surpreende em alguns momentos por sua qualidade e decepciona em vários outros por sua mediocridade. A estratégia é óbvia, mas utilizada aqui com bastante eficiencia. Jogar uma personagem no meio do nada onde, sozinha, terá que lutar por sua sobrevivência contra algum inimigo mortal. Aqui, a pobre coitada é Nancy (uma convincente Blake Lively), estudante de medicina que, em férias, decide visitar uma bela (e secreta) praia, que a faz recordar de sua mãe já falecida, e onde espera relaxar e também praticar surf nas boas ondas que o local oferece. Inicialmente acompanhada de dois estranhos que também praticam o esporte por lá, Nancy logo se vê sozinha, e eventualmente atacada por um feroz tubarão, que deixa um ferimento profundo em sua perna. Sem ninguém a quem recorrer, Nancy busca refúgio numa rocha em pleno alto mar, mas diante da hemorragia e a proximidade da maré alta, ela precisa reunir forças para buscar sair das águas.
Inicialmente é preciso dizer que manter o interesse do espectador em um filme que se passa basicamente em um único cenário com apenas uma personagem é tarefa um tanto árdua. Ainda mais difícil se considerarmos que o esforço é investido num subgênero já bastante saturado desde o marco-zero Tubarão (1974), passando até mesmo por obras similares a esta como Mar Aberto (2004). Assim, é admirável a urgência que o longa consegue imprimir em determinados momentos da película. Deixando de lado os entediantes 20 minutos iniciais, que servem para a apresentação das motivações da personagem – algo de praxe – a partir da cena em que Nancy é ferida, o longa, apostando em cortes rápidos e na enervante trilha de Marco Beltrami (Pânico, A Mulher de Preto), consegue conferir um clima efetivamente atemorizante à trama, fazendo com que fiquemos lado a lado com Nancy, não só torcendo pela moça, mas igualmente prendendo a respiração de tanta tensão. Algo que, aliás, igualmente não seria possível sem a entrega de Lively, que consegue aqui convencer como uma personagem humana, real, e que nos leva imediatamente à identificação com seu martírio que vemos na tela.
No entanto, as coisas começam a degringolar quando o roteiro preguiçoso de Jaswinski (Mistério da Rua 7) apela para inúmeras conveniências e obviedades – como a previsível cena envolvendo o homem bêbado na praia – apenas para encher linguiça e alcançar a longa metragem. E ainda que preste homenagem ao próprio Tubarão de Spielberg na cena final, tudo que é feito dali em diante faz com que o peixe acabe se parecendo mais com um Freddy Krueger ou um Jason Voorhees do mundo marinho, em vez de um genuíno perigo naturalista, como vinha sendo na maior parte do longa. O desfecho bem what-the-fuck bota quase tudo a perder num filme-pipoca que tem a intenção de jogar o espectador para fora do cinema felizinho, confirmando a tese de que Águas Rasas se contenta em ser um filme pequeno. Uma grande pena neste caso.



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