quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Crimes Temporais (2007)



Crimes Temporais (Los Cronocrimenes, Espanha, 2007)
Direção: Nacho Vigalondo
Roteiro: Nacho Vigalondo
Produção: Javier Ibarretxe, Eduardo Carneros, Esteban Ibarretxe
Elenco: Bárbara Goenaga, Karra Elejalde, Candela Fernández, Nacho Vigalondo, Ion Inciarte.









Inteligente e ambicioso longa de baixo orçamento que entrega um belo suspense sobre viagens no tempo



 
O longa espanhol Crimes Temporais começa numa sequência de tirar o fôlego. Sem fornecer maiores explicações, a trama nos apresenta a Hector (Karra Elejalde), um homem de meia idade bem casado com Clara (Candela Fernández) que, curioso com a imagem de uma mulher se despindo (Bárbara Goenaga) vista através de seu binóculo, decide ir verificar o que se trata no bosque próximo a sua casa. Quando vê a mesma mulher desacordada, ele se aproxima e acaba levando uma tesourada de um homem desconhecido com o rosto coberto de bandagens. Confuso e amedrontado, Hector foge até um edifício próximo para se refugiar, e acaba descobrindo que se trata de uma estação de pesquisas que envolve …Isso mesmo! Viagens no tempo. Um cientista muito suspeito que surge do nada (Nacho Vigalondo) recomenda então que Hector entre num estranho artefato para se esconder de seu algoz, sem este saber que ao sair da máquina voltará exatamente no tempo onde se iniciam os acontecimentos do roteiro. Esses primeiros 20 minutos são responsáveis por criar um alto clima de suspense, e de delimitar a eficiente atmosfera da trama, capaz de prender o espectador, que fica confuso e ao mesmo tempo interessado no desenrolar dos acontecimentos.


Guardando similares temáticas e narrativas absurdas com o excelente Triângulo do Medo (2007), dá até para desconfiar que um filme copiou (ou, no mínimo, inspirou) o outro, sendo ambos eficientes em suas abordagens. Aqui, um orçamento ínfimo acaba resultando em algumas deficiências, sobretudo no elenco, que em vários momentos parece estar apenas dizendo frases decoradas, o que prejudica aqui e ali a eficiência da história. Entretanto, o diretor-roteirista Vigalondo (O ABC da Morte) compensa esses defeitos com muita criatividade, confinando as personagens num espaço limitado, e utilizando de loops temporais coerentes que, em se tratando de um roteiro com tantas idas e vindas no tempo e espaço, gera admiração por entregar um resultado final tão coeso, ainda que o desfecho um tanto súbito possa desagradar alguns.


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