Diretor: Julio Santi
Roteiristas: Julio Santi, Felipe Santi, João Segall
Produtora: Rita Buzzar
Elenco: Bruno Garcia, Malu Rodrigues, Leopoldo Pacheco, Denise Weinberg, Annalara Prates, Bianca Batista, Victória Leister, Pedro Bosnich, Roberto Arduin, Fabio Takeo, Antonio Haddad Aguerre, Mirtes Nogueira, Julio Santi, João Segall.
Construir
um proverbial filme de gênero num cinema tão marcado pelo drama e pela comédia
como o brasileiro é um tanto complicado. E embora o cenário venha mudando nos
últimos anos, com filmes de horror, ação e suspense sendo lançados
comercialmente, ainda não há terreno bem assentado para tal forma de cinema, de
modo que muitos dos cineastas que se aventuram com suas ideias acabam, para o
bem ou para o mal, sendo pioneiros e o sucesso de suas experiências pode ditar
uma continuidade de produções similares.
A
mais recente tentativa de se construir um suspense de horror sério no Brasil
atende pelo nome de O Caseiro, produção de Julio Santi, estreante no
gênero, que curiosamente bebe diretamente na fonte das convenções
hollywoodianas, com resultados variando do eficiente ao constrangedor.
Bruno
Garcia (também produtor associado) interpreta Davi, um professor de psicologia
cético que atribui aos supostos fenômenos envolvendo fantasmas uma explicação
exclusivamente científica. Um dia a jovem Renata (Malu Rodrigues) vai até ele
buscando ajuda para sua irmãzinha, que parece estar sofrendo com a presença do
antigo caseiro que se suicidou décadas antes no sítio de sua família. Decidido
a ajudar a moça, ao mesmo tempo em que coleta dados para suas pesquisas, Davi
vai até a casa da família, localizada no interior do estado, e desconfia que o
pai da menina (Leopoldo Pacheco) possa ter algo a ver com o trauma pelo qual
vem passando a garotinha.
Se
a sinopse do parágrafo anterior soou genérica, isso não é à toa. Santi lança
mão de diversos artifícios e até mesmo de uma estrutura narrativa idêntica a
thrillers psicológicos estadunidenses. Exemplos disso vão do prólogo
obrigatório para mostrar a origem do mal que assola os personagens, pistas
falsas e um desfecho com plot twist. No entanto, é de se admirar que
o realizador passe longe de soluções
fáceis, como o apelo ao humor gratuito, ou a jumpscares, ambos recursos
inexistentes na trama. Apoiando-se muito mais na interpretação de seu elenco e
no silêncio que permeia o longa, o filme acerta principalmente na paleta de
cores que o alemão Ulrich Burtin utiliza, em tons predominantemente
acinzentados e dessaturados, ressaltando a sensação de isolamento e depressão.
Por outro lado, algumas dessas escolhas acabam por sabotar o longa, como o
fraco desempenho das crianças e um personagem monotônico entregue por Garcia,
que muitas vezes leva o longa ao tédio. O terceiro ato ainda é uma bagunça, ao
querer resolver subitamente os mistérios que propôs, gerando pouca ou nenhuma
resposta catártica no espectador. A mixagem de som ainda parece sofrer um
bocado com falas que parecem ter sido dubladas em excesso na pós-produção. Uma
pena, pois parecia haver um filme muito bom por trás de conceito de O
Caseiro.
Um adendo conveniente: O DVD
original vem com audiodescrição e libras como recursos de acessibilidade.
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