Direção: John Carpenter
Elenco: Kurt Russell,
Keith David, Wilford Brimley, Donald Moffat, T. K. Carter, Richard
Masur, David Clennon, Charles Hallahan, Richard Dysart, Peter
Maloney, Joel Polis, Thomas G. Waites, Norbert Weisser, Larry J.
Franco.
SINOPSE: O mestre do terror John Carpenter usa de efeitos especiais e muito
suspensa nesta versão arrepiante do clássico O Monstro do Ártico. No
verão de 1982, um time de doze pesquisadores trabalha numa remota
estação na Antártica e descobre um ser alienígena submerso na neve há
mais de 100.000 anos. Descongelada, a criatura mutante possui a
habilidade de duplicar e se transformar em seu hospedeiro, matando-o em
seguida e espalhando o terror. O problema é descobrir quem é ser humano e
quem é o possível alienígena.
Pode parecer
estranho hoje que um reconhecido clássico de gênero como Enigma
do Outro Mundo possa um dia ter
sido um fracasso. Mas é verdade. Lançado em 1982, o oitavo longa do
mestre João Carpinteiro fracassou de cara nas bilheterias, em parte
devido à estreia na mesma semana de outro clássico da ficção
científica, Blade Runner – O Caçador de Androides,
e em parte devido ao megassucesso de E.T. - O
Extraterrestre, que mostrava
alienígenas sob um ponto de vista bem mais otimista e amigável do
que o longa de Carpenter, e que acabou arrebanhando o público familiar para os cinemas. Não só público mas também a crítica da
época sentou a lenha no filme, que só ganhou o merecido
reconhecimento após o lançamento em home vídeo
e exibições na TV. Opiniões à parte, é inegável a influência
desse trabalho em inúmeros outros exemplares de sci-fi
horror, desde a construção
lenta e gradual do suspense até a trilha sonora enervante e aos
efeitos de maquiagem práticos usados aqui sem a menor parcimônia.
Podendo
ser considerado ao mesmo tempo um remake
de O Monstro do Ártico
(1951) e uma readaptação do conto Who Goes There?
(1938) de John W. Campbell, o roteiro de Bill Lancaster acompanha uma
estação americana de pesquisa na Antártida que se vê ameaçada
por uma estranha espécie parasita alienígena que assimila
organismos vivos e os imita, criando uma cópia exata daquele, assim
gerando uma atmosfera paranoica de quem é realmente humano entre
aqueles homens.
Enigma
se caracteriza quase como um exercício de gênero, e se sai
naturalmente muito bem nesse sentido com a direção segura de John
Carpenter. Não há preocupação em desenvolver a maior parte de
seus personagens, já que vemos desde o início da trama MacReady
(Russell) assumindo o destaque exclusivo da história, quando na
primeira sequência é visto isolado do restante de sua equipe, e
percebemos seu comportamento impulsivo, mas também de liderança, já
que basicamente nenhum dos outros homens questiona suas ações ou
suas ordens. Assim, a deficiência na caracterização daquelas
pessoas não geraria no espectador a tão conhecida identificação,
no entanto, não é o que ocorre, já que o roteiro acaba apostando
bem na construção de paranoia e medo, conferindo curiosamente a
cada personagem a mesma importância em dado momento do filme, já
que qualquer um pode ser a coisa.
Além
disso, Carpenter deita e rola com a maquiagem prática criada por Rob
Bottin com colaboração da lenda Stan Winston, que confere ao longa
um caráter grotesco, mas que nunca soa gratuito, aliando desespero e
morbidez ao suspense instalado. Uma aposta corajosa que deu certo, se
considerarmos que na maioria das vezes a construção do suspense, em
se tratando de filmes com criaturas, consiste muito mais em esconder
do que mostrar. A ambientação de isolamento é construída lenta e
gradualmente, como em Alien – O Oitavo Passageiro,
tendo como auxiliar principal a trilha quase onipresente de Ennio
Morricone.
Independentemente
de o longa funcionar ou não como alegoria, como aqueles que citam o
filme no contexto da Guerra Fria, o fato é que Enigma do
Outro Mundo funciona em vários
níveis, do horror repulsivo ao thriller psicológico, algo cada vez
mais raro no cinema de gênero atual.
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