sábado, 12 de dezembro de 2015

Pacto Maligno (2014)

 Pacto Maligno (Mercy, EUA, 2014)
Diretor: Peter Cornwell
Elenco: Chandler Riggs (George), Frances O'Connor (Rebecca), Dylan McDermott (Jim Swann), Mark Duplass (Tio Lanning), Hana Hayes (Vizinha/garota imaginária), Amanda Walsh (Charlotte), Joel Courtney (Buddy), Chris Browning (Frank), Shirley Knight (Mercy), Harley Graham (Phoebe).
SINOPSE: Dois jovens irmãos acompanham sua mãe, que vai cuidar da vovó em sua remota e solitária casa. O que eles não imaginam é que a partir deste corriqueiro gesto, serão levados à descoberta de terríveis segredos sobre a verdadeira natureza da avó.




"Não deixarás uma bruxa viver"




Avós são personagens especiais não só na realidade como na ficção. A figura da vovó que "estraga" os netos com muito carinho, comidinhas hipercalóricas e ausência de regras é uma constante em personagens geralmente estereotipadas demais, mas que sempre marcam presença em filmes, livros, séries e novelas. Mas divertido mesmo é quando tal arquétipo sofre uma subversão, melhor ainda se for nas mãos de um escritor como Stephen King com sua prosa inconfundível, e ainda melhor se tal subversão tocar no universo clássico de Cthulhu. Mas, eis que surge...uma adaptação!

            Produzido pela Blumhouse e distribuído sem muito alarde diretamente para vídeo pela Universal, Pacto Maligno é uma modesta adaptação do conto Gramma (ou Vovó) de King, mais conhecidamente publicado na coletânea Tripulação de Esqueletos (1985) cuja trama já havia servido de base para um episódio da então nova temporada de Além da Imaginação (1986).
            Enquanto é preciso, antes de mais nada, reafirmar que contos e filmes são produtos completamente distintos, e que uma adaptação literal geralmente não funciona (e no caso de contos acabaria ficando curta demais), torna-se imperdoável que uma história tão original e poderosa se transforme num longa tão medíocre. O desastre é ainda pior se considerarmos que nomes de talento como Dylan McDermott e Mark Duplass sejam desperdiçados em papeis tão descartáveis que sua presença na trama deixa claro que as "subtramas" contendo tais personagens não passam de encheção de linguiça. Ainda temos na equipe o roteirista Matt Greenberg, responsável pelo decente 1408 (2007) e a direção de Peter Cornwell (de Evocando Espíritos), mais do que capazes de entregar algo minimamente aceitável.
            No roteiro uma mãe solteira e seus dois filhos se mudam para uma velha casa pertencente à avó, chamada Mercy, a fim de cuidar dela após a mesma sofrer um derrame e ter sequelas psicológicas e físicas. O que se torna cada vez mais sabido ao longo do filme é que a velha pode ter feito no passado um pacto para engravidar e agora é a hora de ser paga a conta.

            Conduzido com uma morosidade impressionante, e disposto a resolver tudo (e acabando não resolvendo nada) num atabalhoado e apressado terceiro ato, o roteiro de Greenberg, como mencionado anteriormente, faz o que pode e o que não pode para atingir a longa metragem, incluindo aí a excessiva mastigação de todos os detalhes para o espectador, incluindo uma subtrama envolvendo uma amiguinha imaginária do garoto George e inúmeras conversas do menino com personagens que dizem suas falas e então saem de cena. No entanto, os conselhos que o jovem recebe parecem não funcionar. Numa tentativa patética de forçar a barra para fazer com que a trama ande, o roteiro inclui sequências como aquela onde o rapaz é advertido por seu tio Lanning (Duplass) sobre o passado de sua avó, que faria qualquer criança sair correndo de perto da velha. Mas então o que Georgito faz? Joga o calmante da velha fora. Parabéns George.
            A direção de Cornwell termina de estragar a coisa toda, ao conferir ao longa um aspecto genérico, fazendo com que o filme se confunda com inúmeros outros lançamentos atuais, todos com a mesma cara: o tom dessaturado na fotografia, o prólogo com alguma cena envolvendo o passado dos personagens, o tom sentimentaloide e os romances forçosamente inclusos, os burocráticos e antecipáveis jumpscares, tudo isso infelizmente está lá, levantando a questão do por que gastar dinheiro na aquisição de direitos para uma adaptação se o produto final não tem um pingo de identidade.
[SPOILER]
O desfecho felizinho, coroando a bagunça, ainda tem uma cara tão sem-vergonha de Sessão da Tarde, que só nos leva a pensar que a intenção dos caras foi entregar uma piada. Sem a menor graça.


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