quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O Convite (2015)

O Convite (The Invitation, EUA, 2015)
Diretora: Karyn Kusama
Roteiro: Phil Hay e Matt Manfredi
Elenco: Logan Marshall-Green (Will), Emayatzy Corinealdi (Kira), Aiden Lovekamp (Ty), Michelle Krusiec (Gina), Mike Doyle (Tommy), Tammy Blanchard (Eden), Jordi Vilasuso (Miguel), Jay Larson (Ben), Marieh Delfino (Claire), Michiel Huisman (David), Lindsay Burdge (Sadie), John Carroll Lynch (Pruitt), Toby Huss (Dr. Joseph), Danielle Camastra (Annie), Karl Yune (Choi).
SINOPSE: Dois anos após uma terrível tragédia pessoal, um homem aceita relutantemente o convite de sua ex-mulher e seu novo marido para um intimista jantar com alguns amigos em comum e outros desconhecidos. Ele desconfia, no entanto, que algo muito sinistro paira no ar.



Não há nada o que temer”



Criar um bom e bem sucedido suspense é um desafio e tanto no cinema contemporâneo. Deve haver cuidado na construção da atmosfera. O mistério não deve ser simplista demais nem muito desafiador. O roteiro deve ser bem amarrado. Enfim, uma tarefa árdua para qualquer cineasta. Não por acaso que Alfred Hitchcock continua sendo sempre lembrado como o mestre do gênero, suas maiores obras datando dos anos cinquenta e sessenta. Dessa maneira, foi com grata surpresa que fui conferir O Convite, o mais novo longa de Karyn Kusama (Garota Infernal) que, apesar de previsível aqui e ali, é capaz de entregar uma obra capaz de funcionar em diversos níveis.
Permeado por tons de vermelho, que aqui ganha um caráter permanentemente ominoso, o longa segue o drama de Will (Marshall-Green), um homem traumatizado pelo passado. Após dois anos sem ver a antiga esposa Eden (Blanchard) - igualmente fragilizada pelo trauma em comum, ele e sua nova namorada (Corinealdi) recebem um estranho convite justamente de Eden e de seu novo marido para um jantar na antiga casa onde o casal vivera. Juntam-se ao quarteto alguns amigos em comum do casal, e mais dois esquisitos membros de um grupo de autoajuda para pessoas com culpa. Tendo que lidar com o forte peso do passado na casa onde sua tragédia pessoal ocorreu, Will ainda une à dor das lembranças uma sinistra desconfiança acerca de Eden e do inusitado jantar. Desconfiança essa que é partilhada pelo espectador. Aliás, Marshall-Green é o grande destaque do elenco. Ganhando inevitavelmente o posto de protagonista do suspense, o ator confere peso ao seu personagem, gerando grande empatia do espectador que acaba sendo essencial para que o longa funcione bem, já que, para todos os efeitos, vemos e interpretamos o que se passa na tela através do olhar de Will.

Entretanto, nem tudo são flores. Em determinados instantes, o roteiro parece carecer de substância, recorrendo sem sucesso a certas obviedades, como a inclusão, ainda que necessária para o plot, do personagem Choi, que entra e sai de cena sem ninguém perceber. As cenas de gato-e-rato próximas ao desfecho também ganham um ar genérico que quase esfria o clima construído anteriormente. Por outro lado, o longa é meritoso ao incluir, por exemplo, um casal gay de maneira orgânica e ao manter o interesse constante mesmo o espectador facilmente adivinhando o que o longa acaba entregando.

Com uma cena final elegante e digna de um grande terror, O Convite é um thriller empolgante e tenso, ainda que não consiga manter o mesmo fôlego durante toda sua duração.



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