terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Nerve - Um Jogo sem Regras (2016)

Nerve – Um Jogo sem Regras (2016) (Nerve, EUA, 2016)
Diretores: Henry Joost e Ariel Schulman
Roteirista: Jessica Sharzer baseado em livro de Jeanne Ryan
Produtorxs: Anthony Kathagas, Allison Shearmur
Elenco: Emma Roberts (Venus "Vee" Delmonico), Dave Franco (Ian "Sam"), Juliette Lewis (Nancy, Mãe de Vee), Emily Meade (Sydney), Miles Heizer (Tommy), Colson Baker (Ty), Kimiko Gleen (Liv), Marc John Gefferies (Wes), Brian Marc (J.P), Samira Wiley, Ed Squires. Josh Ostrovsky, Albert Sidoine,







Isso é tão Black Mirror!



         Nas redes sociais, no youtube, no whatsapp, enfim, na internet como a conhecemos hoje, alguns comportamentos e tendências tornam-se – ainda que transitoriamente – quase padrões em nossas vidas, como aqueles comentários estúpidos de pessoas anônimas ou a busca voraz por curtidas, compartilhamentos e, sobretudo, visualizações que geram retorno financeiro; a ponto de tais padrões mudarem nossas relações interpessoais e muitas vezes a maneira como enxergamos o mundo.
         O parágrafo anterior foi uma tentativa de introdução para um texto sobre Nerve - Um Jogo sem Regras, filme que em vários momentos parece criticar certos comportamentos virtuais, mas em sua maior parte consegue funcionar mesmo é como um excelente filme de ação e suspense daqueles de tirar o fôlego do espectador como há muito não se via no gênero.
           Utilizando uma roupagem assumidamente teen, Nerve transporta a velha história da busca pela popularidade para os dias atuais. Venus (Emma Roberts, de Pânico 4) está prestes a se formar no colegial e sonha em cursar faculdade fora do estado, apesar da resistência de sua mãe (Juliette Lewis, subaproveitada) que a deseja sempre por perto, muito por causa da recente morte de seu outro filho. A personalidade tímida de Venus contrasta com a de sua melhor amiga, Sidney (Emily Meade), que procura viver seus dias sempre de maneira agitada. Numa dessas empreitadas, Sidney entra para o jogo que dá nome ao filme, que funciona da seguinte maneira: Ao se inscrever em Nerve, o participante tem a opção de ser um observador ou um jogador. Nesse último caso, o participante vai recebendo desafios conforme o jogo avança, que são ditados pelos observadores. Em caso de o desafio ser bem sucedido, o jogador recebe não somente dinheiro, como também fama e avanço dentro do jogo, com os desafios sendo obrigatoriamente registrados no celular do jogador e de observadores. Afrontada por Sidney, Venus parece decidida a mostrar para si mesma e para seus colegas que também pode ser uma protagonista, e acaba se inscrevendo no Nerve, ganhando de maneira inesperada uma grande popularidade após se juntar, por um “acaso” do game, ao jogador Ian (Dave Franco), cuja experiência no jogo parece esconder também algum segredo por trás de seu carisma.
         Beneficiado por uma montagem frenética que faz uso frequente e inteligente de vários elementos da internet atual; além de uma trilha sonora eletrônica dançante, o longa consegue em seus dois primeiros atos uma fluidez absurda, tamanha energia do que se vê na tela, em cenas como a que um personagem guia uma moto de olhos vendados, ou outra cujo desafio de uma personagem é atravessar de um prédio a outro através de uma escada bamba; fazendo com que, literalmente, o espectador não consiga desgrudar os olhos do que vê na tela.
          No entanto, nem tudo são likes. Interessados desde o início de suas carreiras nas novas tecnologias, os diretores Henry Joost e Ariel Schulman acabam se saindo melhores como diretores de gênero do que em suas tentativas de crítica social. Derrapando feio em seu desfecho, quando inclui um didatismo martelado, conveniências várias, e uma solução quase mágica, o longa consegue manter qualidade até o minuto final principalmente graças à excelente química entre Roberts e Franco, bem como a qualidade homogênea do elenco como um todo. Porém, nem mesmo esse deslize faz com que Nerve seja um dos melhores suspenses de 2016.


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