Direção: Lucky McKee
Elenco: Angela Bettis (May), Jeremy Sisto (Adam), Anna Faris (Polly), James Duval (Blank), Merle Kennedy (Mãe de May), Roxanne Day (Buckle), Kevin Gage (Pai de May), Nichole Hiltz (Ambrosia), Chandler Riley Hecht (May jovem), Samantha Adams (Lucille), Mike McKee (Oftalmologista), Rachel David (Petey), Tricia Kelly (Amy)
SINOPSE: May nunca fez parte de nenhuma turma, sempre viveu só. Devido a um problema oftalmológico, sempre usou um tapa olho para esconder o seu trauma, o que não facilitou sua vida pessoal. Mesmo em sua adolescência sua melhor amiga e conselheira continuou sendo uma boneca que sua mãe lhe dera de presente. Até que conhece Adam...
Impressionada pelos seus traços, especialmente suas mãos, pela primeira vez começa um relacionamento. Mas logo descobre que as pessoas não são perfeitas... Somente parte delas é.
“Se não consegue ter amigos... Faça um.”
O talentoso diretor Lucky McKee (dos igualmente premiados A Mulher e Rastros de Vingança) é aquele tipo de diretor do qual ninguém sabe o nome e cujos filmes provavelmente foram vistos por poucas pessoas. Isso ocorre porque Mckee, mesmo após anos atrás das câmeras, nunca saiu do terreno do cinema independente, nunca dirigiu nenhum filme com um alto orçamento. Prova de que dinheiro e patrocínio não são nem de longe sinônimos de um bom filme. Em seu primeiro trabalho como profissional, McKee surge com um belo conto sobre solidão, diferenças, padrões sociais e perfeição.
May Canady (Angela Bettis) é uma jovem que, desde criança, sofre de um problema oftalmológico que sempre a deixou excluída de qualquer grupo, não tendo amigos ou namorado. Agora uma jovem adulta, sua única amiga é uma boneca artesanal dada de presente de aniversário por sua mãe. Trabalhando em uma clínica veterinária, May acaba ficando obcecada por Adam (Jeremy Sisto), um estudante de cinema, em especial por uma parte de seu corpo, suas mãos.
“Tantas partes bonitas, mas ninguém bonito por completo.”
Sua beleza exótica e seu jeito tímido e estranho acabam por encantar o boa-pinta Adam, até que May acaba fazendo algo que ultrapassa os limites do “esquisito” aceitáveis por Adam. Decepcionada, May busca em sua colega de trabalho lésbica (Anna Faris, da série Todo Mundo em Pânico) consolo, carinho e o sentimento de não estar mais sozinha. As duas sequências, brilhantemente filmadas, fazem um interessante paralelo entre o estranho e o normal, entre o aceitável e o bizarro, mas em nenhum momento são de mau gosto, pelo contrário, são extremamente sutis e necessárias para a trama, desde o sangue em profusão no curta de Adam até a suave cena entre May e Polly.
Pelo cuidado com que McKee se atenta em cada detalhe, das atuações ao roteiro, considero May uma pequena obra-prima, consegue ir dos típicos sorrisos de uma comédia romântica ao humor negro, do drama ao horror sem em nenhum momento deixar fios soltos. Outro elemento essencial do filme são as atuações, em especial a de Angela Bettis (que já interpretou outros tipos esquisitos, como a personagem-título do remake de Carrie, a Estranha), que imprime em sua May as emoções necessárias para o desenvolvimento do personagem. A trilha sonora no estilo Indie Rock se encaixa perfeitamente em cada momento do filme, com as belas canções “Do you Love me now?”, “Oh!” e “When He calls me Kitten”, de Kelley Deal e The Breeders, além das composições originais belíssimas de Jammes Luckett.
Uma cena polêmica em particular (a das crianças cegas) poderia adquirir uma conotação gratuita e apelativa, não fosse a beleza com a qual foi filmada e a sua importância, pois constitui papel fundamental no que, para mim, é o momento do filme que rompe definitivamente o tecido da razão de May.
Se quiser assistir a um filme de horror diferente dos convencionais, que foge dos clichês e dos sustos fáceis, assista a May e surpreenda-se.
Curiosidades:
- O diretor McKee faz uma ponta no filme como o homem que aparece aos beijos com sua namorada no elevador;
- Originalmente a sequência que mostra a infância de May seria mais longa, mas o diretor a abreviou de modo a passar mais rápido aos acontecimentos atuais;
- O filme custou somente 500 mil dólares e ganhou inúmeros prêmios em festivais do gênero, em especial premiando a atuação de Angela Bettis;
- Os créditos finais estão todos escritos em letra minúscula, incluindo nomes do elenco, produção, músicas e companhias;
- O novo “amigo” de May, Amy, cujo nome é um anagrama da personagem título, também pode ser traduzido em amigo em francês (ami);
- O curta “Jack e Jill” foi feito especialmente para o filme e foi dirigido por Chris Sivertson (Eu sei quem me Matou), amigo de McKee, você pode acompanhar abaixo o trecho do filme que mostra o curta:
Excelente filme eu amei.
ResponderExcluirFilme muito pertubador e triste.Uma interessante mistura de Carrie e Frankenstein .
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