sábado, 22 de fevereiro de 2014

Matadouro - Parte 2: Prelúdio

Matadouro - Parte 2: Prelúdio (Brasil, 2013)
Diretor: Carlos Junior  
Roteiro: Carlos Junior  
Elenco: Fabíola Antico, Thiago dos Santos, Ana Carolina, Carlos Cesar Gonçalves, Cammila Sanches, Leandro Martins, Brunno Alexandre, Kelly Andrade, DW Douglas, Maicon Amaral, Bruno Henrique Gordon, Ricardo Araújo, Fernando Novaes, Ailton Ricardo, Stephanie Berlini, Laura Marafante, Bruno Diego, Lucas Zanata
SINOPSE: Um grupo de jovens amigos se reúne em uma casa isolada para celebrar uma festa natalina, no entanto, vão percebendo que alguém muito perigoso anda à solta e transformará a festa num dos seus piores pesadelos.






Pouquíssimo tempo após lançar o primeiro capítulo de seu terror independente Matadouro, o cineasta independente mariliense Carlos Junior volta com uma sequência, ou melhor, prequel do filme que foi lançado online e atraiu centenas de fãs de horror para um filme de um gênero que, ainda bem, cada vez mais cresce no cenário amador e independente nacional.
E o filme mostra um claro avanço em relação ao anterior. Logo no início do filme, ou prólogo, temos uma cena que já mostra uma crueza e uma subjetividade que realmente incomodam. Imediatamente depois, somos apresentados ao grupo de amigos, que, já sabemos, serão as próximas vítimas a sofrerem o martírio na nova trama. E novamente, por mais realista que sejam as filmagens e os diálogos entre os amigos, há uma confusão irritante entre as falas do elenco, e em determinados momentos parece que estamos assistindo a um vídeo caseiro entre amigos de escola que acaba chateando, em vez de criar empatia, por mais verossímil que tais filmagens possam parecer, e isso advém em parte do fator entretenimento de filmes desse tipo, já que é preciso delinear minimamente uma dinâmica clara entre os protagonistas, senão o que vem depois é prejudicado, uma vez que o sentimento de empatia no gênero horror, e mais ainda em um subgênero como esse, é fundamental. E ainda que a gritaria e o problemático som (problemas também presentes no primeiro filme) atrapalhem, o rumo da trama é tomado de maneira orgânica, com destaque, por exemplo, para quando a jovem Cammila (Cammila Sanches) apresenta uma atuação realista quando embriagada, criando ali sim uma situação verossímil e interessante. O som, portanto, ainda é o principal problema, mas o diretor-roteirista Carlos Junior aprimora sua narrativa, desta vez se assemelhando mais a um slasher do que a um torture porn, criando uma trama ágil, ainda que já conhecida, a partir da cena em que alguns amigos entram no carro para ir embora, e confesso que me peguei torcendo para que os protagonistas conseguissem fugir no momento em que uma misteriosa figura aparece no meio da estrada, dizendo sozinho “Acelera, meu, acelera!”, sendo gerado nessa cena um sentimento de urgência bastante eficiente.
Matadouro 2 (2013)
A visualização do que está ocorrendo melhora muito neste prequel, já que em comparação com o primeiro filme, nas cenas de tortura tudo fica muito mais visível para o espectador, o que é claramente um avanço, já que não se via quase nada no primeiro filme devido à escuridão em algumas cenas. E por falar nas cenas da matança, elas são bem montadas, deixando-nos ver algumas coisas e escondendo outras, seguindo a linha do primeiro filme, e como comentário extra devo dizer que a agoniante cena onde um gancho é levado a um local pouco “ortodoxo” me lembrou imediatamente de uma cena entre Tony Todd e Virginia Madsen em Candyman, mas não sei se foi coincidência ou uma referência explícita. Em relação as atuações, o destaque no elenco mais uma vez fica para Bruno Diego, que novamente rouba a cena e encarna de corpo e alma seu vilão.
Matadouro 2 (2013)
Finalmente, ainda que apresentando alguns furos, além dos defeitos já mencionados, Matadouro: Prelúdio se torna interessante pelo esquema com o qual foi feito, demonstrando, assim como escrevi em relação ao primeiro filme no meu blog, um envolvimento grande de todos os envolvidos, e, por mais saturado que esteja o já frágil por natureza gênero do filmagens encontradas, o novo filme de Carlos Junior se torna não somente um avanço do próprio diretor, mas também serve como inspiração para um sem-número de cineastas ou aspirantes a cineastas que veem em lançamentos como este a possibilidade da criação artística, mesmo com pouca ou nenhuma grana. Cinema de guerrilha é sempre bom de assistir, e por esse motivo, apesar (ou justamente em função) dos defeitos, Matadouro parte 2: Prelúdio está recomendado.

NOTA: Crítica também publicada no portal Boca do Inferno


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