O Mistério de Candyman (Candyman, EUA, 1992)
Direção: Bernard Rose
Baseado em um conto de Clive Barker
Elenco: Virginia Madsen (Helen Lyle), Kasi Lemmons (Bernadete Walsh), Tony Todd (Candyman), Dejuan Guy (Jake), Xander Berkeley (Trevor Lyle), Vanessa Williams (Anne Marie-McCoy).
SINOPSE: Helen Lyle (Virginia Madsen) esta escrevendo uma tese e decide provar que Candyman (Tony Todd), um terrível espírito escravo, não existe, então invoca fantasma lendário chamado Candyman após pronunciar seu nome cinco vezes diante do espelho. Ela então, segue para o local de um terrível crime e o invoca. Para sua surpresa, ele surge iniciando uma série de terríveis assassinatos.
"Eles dirão que eu derramei sangue inocente. Mas para que é o sangue, senão para ser derramado."
Em 1988, o então desconhecido diretor britânico Bernard Rose dirigiu o pequeno notável A Casa dos Sonhos, que misturava em seu enredo elementos de fantasia, suspense e horror. Durante um encontro casual no estúdio com Clive Barker, que na época estava produzindo o longa Nightbreed, ambos conversaram sobre fazer uma adaptação de um conto de Barker, The Forbidden, presente na coleção Books of Blood, conto do qual Rose gostava muito.
Alan Paul, da Propaganda Films, em parceria com a Polygram e a Tristar, conseguiram um modesto orçamento para o filme, que se chamaria Candyman. A genialidade de Clive Barker
e o talento de um jovem Bernard Rose conseguiram levar ao ambiente
urbano, na cidade de Chicago, uma excelente trama que tem por base as
lendas urbanas. A possível interpretação racista por parte do publico, que foi uma das principais preocupações dos produtores na época do lançamento, como comentou Clive Barker nos extras do DVD, foi principalmente devida aos violentos protestos ocorridos em Los Angeles por ocasião do caso Rodney King; mas particularmente acredito que o efeito tenha sido justamente o contrário, uma vez que Candyman é, no filme, uma figura ao mesmo tempo monstruosa e requintada, e filmes de horror com protagonistas (ou nesse caso, antagonistas) negros sempre foram raríssimos, com exceção dos filmes blaxploitation, provando justamente nesse filme o contrário de um preconceito do qual ainda se faz uso no cinema e na televisão.
A origem de Candyman contada no filme é
a de um filho de um escravo, talentoso artista, que se apaixonou por
uma donzela, filha de um rico fazendeiro. Ele a engravida e o pai
executa uma terrível vingança: Paga um grupo de hooligans para perseguir e matar Candyman.
Ele teve sua mão direita decepada, e o corpo coberto com mel, para em
seguida ser picado até a morte por uma colônia de abelhas. Daí o nome Candyman. No presente, Helen Lyle (Madsen) é uma estudante que, juntamente com sua amiga Bernadete Walsh (Lemmons) está escrevendo uma tese sobre a influência de uma lenda urbana (no caso, Candyman) no pensamento coletivo de uma pequena comunidade que vive nos conjuntos habitacionais de Cabrini Green, na periferia de Chicago. No entanto, para o azar de Helen e as pessoas à volta dela, uma serie de assassinatos começa a ocorrer, com a culpa recaindo sobre Helen. Será Helen culpada ou inocente? Candyman é real ou apenas um delírio da consciência coletiva e da própria Helen?
Rose conduz com elegância, ainda que não abra mão de certa dose de gore, o roteiro que teve a colaboração do próprio Barker. Notamos que não se trata de um filme de horror convencional, se distanciando bastante da estrutura narrativa de um slasher padrão. Rose recorre a saltos na história e a utilização de um universo onírico também usado em seu filme anterior, e com isso, cria um conto sombrio e poético. Com a aura de um herói trágico, Candyman representa, ao mesmo tempo, a violência urbana e a vulnerabilidade das classes sociais mais baixas, apresentando também um comentário social muito pertinente quando usa de maneira óbvia, mas inteligente, a representação do conjunto habitacional Cabrini Green como local de "morada" de Candyman. Apresentando ainda atuações envolventes de Tony Todd (com destaque para sua voz profunda e assustadora) e Virginia Madsen, e uma trilha sonora fúnebre e desoladora de Philip Glass (que se encaixa perfeitamente no tom da trama), O Mistério de Candyman
é, infelizmente, um filme subestimado e esquecido, mas que se tornou um
dos mais expressivos exemplares de um começo de década raquítico para o
gênero, e que deve, com certeza, ser conferido pelos fãs do horror.
Confira uma parte do score composto por Philip Glass para o filme, observe a sutileza da música e, caso ainda não tenha visto, corra para conferir O Mistério de Candyman.
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